Segundo disse à Lusa a vereadora da Cultura da Câmara de Vila Nova de Foz Côa, Ana Filipe, esta proposta de classificação do Sítio Arqueológico do Prazo tem em vista “a proteção e conservação deste património histórico que começa na pré-história, atravessa o período romano e medieval até aos nossos dias”.
“Trata-se de um lugar fantástico que em nosso entender merece um olhar diferente para a sua preservação, que poderá vir através desta classificação ficando desde logo com uma proteção diferente, além de aumentar a divulgação deste espaço com história”, indicou a autarca do município do distrito da Guarda.
Ana Filipe disse ainda que esta candidatura conjunta, através da CCDR-N, ajudou a agilizar todo um processo que teve o seu início em julho.
Segundo estas entidades promotoras da candidatura, o Prazo é um complexo arqueológico composto de materialidades notáveis, testemunho da forma como diferentes grupos humanos se apropriaram e construíram esta paisagem, desde a época pré-histórica até à história recente.
“Esta medida visa proteger um notável património da região do Douro Superior, testemunho de uma ‘villa’ romana e de uma basílica cristã medieval, entre outros valores, e criar as condições para a sua conservação e valorização”, explica o vice-presidente da CCDR-N para a Cultura e o Património, Jorge Sobrado, citado em comunicado.
Para a comissão regional, a salvaguarda e valorização deste sítio é um contributo relevante para a promoção patrimonial e cultural do Douro e de toda a região Norte.
“A classificação do Prazo tem como objetivo garantir a preservação do sítio, assegurando que intervenções futuras e atividades na área respeitem o valor histórico e cultural do local, assim como as condições da sua justa valorização cultural, comunitária e turística”, refere a CCDR-N, acrescentando que “a proposta tem por base os estudos arqueológicos produzidos, dos quais resulta a inequívoca importância desta estação no contexto da Arqueologia no Norte de Portugal.
De entre os vestígios conhecidos, diz a CCDR, destacam-se, pela sua monumentalidade, os vestígios da ‘villa’ romana (séculos I-IV d.C), a par da Basílica paleocristã e cemitério medievais (séculos IV-XIII).
Este local foi também a residência de diversas outras civilizações ao longo do tempo, como os vestígios pré-históricos dos períodos paleolítico, mesolítico e neolítico podem atestar que “estão bem conservadas”.
Podem também ser vistos vestígios de 22 sepulturas, com ossadas de diferentes épocas, uma estela antropomórfica de grandes dimensões e um “Menir” que está assinalado.
Este local foi inicialmente descoberto em meados do século XX durante o plantio de amendoeiras. A partir desse momento, o arqueólogo António Sá Coixão deu a esta estação arqueológica um novo impulso e foi alvo de intensa investigação durante os anos 80 e 90 do século passado e início do século XXI.
Segundo os arqueólogos que exploram este sítio, o que está descoberto é apenas um terço da área arqueológica do Prazo, havendo ainda muito para escavar e investigar para melhor se compreender a história deste “local enigmático”.
“Esta estação está muito bem documentada, fruto do trabalho de investigação de várias intuições académicas e dos seus arqueólogos e outros especialistas”, vincou Ana Filipe.