Floresta juntou especialistas no NERGA

Encontro de fileira para analisar desafios e oportunidades para o sector florestal Decorreu na passada sexta-feira, na Guarda, o Encontro de Fileira da Floresta co-organizado pelo NERGA e a AIFF – Associação dos Industriais da Fileira Florestal. Com o objetivo de promover o sector florestal como alavanca da economia e partilha de conhecimentos sobre o estado […]

Encontro de fileira para analisar desafios e oportunidades para o sector florestal Decorreu na passada sexta-feira, na Guarda, o Encontro de Fileira da Floresta co-organizado pelo NERGA e a AIFF – Associação dos Industriais da Fileira Florestal. Com o objetivo de promover o sector florestal como alavanca da economia e partilha de conhecimentos sobre o estado do sector, este seminário contou com a presença de vários empresários e especialistas do sector.

Sara Pereira, assessora do secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Regional, foi a primeira a falar e abordou o tema “O sector florestal nacional no quadro da EU a 27”. A representante do Governo sublinhou, nomeadamente, a necessidade de haver uma «gestão sustentável da floresta», ressalvando que a sua importância tem de ser vista «como um todo» e que, «erradamente, muitas vezes há uma sobreposição do ambiental sobre o económico». No mesmo painel falou depois o deputado Miguel Freitas, do PS, que considerou ser necessária uma mudança de política fiscal para o sector que «permita a viabilização» do mundo rural e da silvicultura e que contribua para o seu desenvolvimento económico. Mais critico e objetivo esteve João Soveral, representante da CAP, para quem a UE «não tem uma política florestal comum», tendo ainda criticado a forma como o PRODER está a funcionar.

Na sua opinião, o mais grave é a «falta de avaliação do investimento», pois «ninguém se dá ao trabalho de saber os objetivos do programa, quais os resultados de um investimento ou quanto hectares de arborização foram feitos». E João Soveral concluiu que «não temos política florestal». João Ferreira do Amaral falou depois sobre a importância do sector na economia nacional, considerando que «há uma subavaliação do potencial económico da floresta», até porque, «comparativamente com outros sectores em termos de balança de pagamentos ao exterior, esta tem enorme relevância» dado o alto valor acrescentado nacional. Para o economista, «as pessoas só se preocupam com a floresta quando há incêndios», esquecendo-se que o sector é responsável por 11 por cento das exportações e que, com outras políticas, é possível «produzir mais e melhor».

Noutro painel, Pedro Canaveira, da Comissão para as Alterações Climáticas, alertou para o grande contributo da floresta «para a redução de CO2», considerando mesmo que o Protocolo de Quioto pode «contribuir para gestão florestal». Por último, Américo Mendes, professor da Universidade Católica, interrogou-se sobre os custos e benefícios do «serviço ambiental» da floresta e sobre a rentabilidade do produtor florestal, tendo em conta todos os benefícios resultantes do seu contributo para a comunidade.

Sector representa 11 por cento das exportações portuguesas

No final, concluiu-se que o «sector florestal é dos que mais tem contribuído para a economia nacional, representando cerca de três por cento do PIB, 11 por cento das exportações portuguesas (2010) e assegura mais de 260 mil postos de trabalho». E que a floresta portuguesa é rica e diversificada e «ocupa 39 por cento do território nacional», uma das mais elevadas taxas de florestação da União Europeia, sendo aliás a décima segunda área florestal europeia. O principal destino dos produtos portugueses da fileira florestal é o espaço comunitário. Nos últimos anos tem-se registado um grande crescimento das exportações para fora da Europa – entre 2005 e 2009, o aumento para países terceiros passou de 23 para 30 por cento. O diretor do NERGA mostrou-se satisfeito com «o sucesso» do seminário e garantiu que a Beira Interior tem «uma enorme margem de progressão no que diz respeito à floresta». «Se houver uma decisão política sobre esta zona e se o Governo apostar em culturas a longo prazo, ou seja, em espécies nobres, estou convencido que temos uma enormíssima margem de progressão. Temos, na região, espaço suficiente para isso», defendeu Hugo Jóia.

A floresta assegura também um conjunto de serviços que vão do sequestro de carbono à regulação da qualidade da água, passando pela valorização da paisagem. Este encontro teve o alto patrocínio do Presidente da República e da UNESCO, no âmbito do Ano Internacional da Floresta.

Por: Luis Baptista-Martins

Jornal O Interior


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