Agricultor de Pinhel vendeu 10 mil quilos de marmelos

Pomar de produção biológica começou a ser plantado em 2001 Manuel Almeida, 60 anos, residente na Guarda-Gare, possui na Freguesia de Pereiro, concelho de Pinhel, uma plantação com 11 mil marmeleiros, tendo vendido este ano cerca de 10 mil quilos de marmelos para uma fábrica de transformação. “Os primeiros marmeleiros, cerca de 9 mil, foram […]

Pomar de produção biológica começou a ser plantado em 2001

Manuel Almeida, 60 anos, residente na Guarda-Gare, possui na Freguesia de Pereiro, concelho de Pinhel, uma plantação com 11 mil marmeleiros, tendo vendido este ano cerca de 10 mil quilos de marmelos para uma fábrica de transformação.

“Os primeiros marmeleiros, cerca de 9 mil, foram plantados em 2001, através de um projecto candidatado ao IFADAP – Instituto de Financiamento e Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura e das Pescas. O meu projecto, de produção biológica, foi o primeiro que deu entrada no IFADAP da Guarda”, contou o empresário, lembrando que investiu 70 mil euros e teve um financiamento de 48%. Manuel Almeida, natural da aldeia de Pereiro, contou ao Jornal A Guarda que decidiu apostar no marmelo ao aperceber-se da mais valia comercial do fruto. “Eu tinha 10 marmeleiros numa vinha e, anualmente, davam-me cerca de 5 contos [25 euros] pela venda dos marmelos. Então, pensei que, para a agricultura ser rentável, teria que aumentar a produção, porque se tivesse 10 mil marmeleiros, poderia fazer 5 mil euros nas vendas”. Quando decidiu avançar com o projecto, encontrou alguma resistência na aldeia: “Disseram-me que o marmelo não era uma coisa rentável, que devia apostar antes na vinha. Mas não desisti, executei o projecto e tenho aumentado a área do pomar”. Referiu que iniciou o projecto com 11 hectares de terreno e pretende aumentar a área para os 17 hectares.

“Não estou arrependido. Gosto disto. Economicamente está agora a começar a corresponder aos objectivos”, indicou, lembrando que no 4.º ano após a plantação, os marmeleiros “começaram a produzir marmelos e colhi entre 700 a 800 quilos”. “Este ano colhi cerca de 10 mil quilos”, apontou, referindo que foram vendidos para uma fábrica, para transformação em marmelada, da Região Centro do País. No futuro, tenciona continuar a vender para fábricas, adiantando que, “no auge da produção” do pomar, tenciona “chegar aos 70/80 mil quilos” por ano. “Nessa altura, já dará para vender a outros clientes. O objectivo até será trabalhar para a exportação, porque, enquanto a produção não for suficiente, é impossível alimentar o mercado”, reconhece.

Região é a melhor da Europa para a produção de marmelo

Manuel Almeida referiu que a região da Guarda “é a melhor da Europa” para a produção de marmelos “por causa da acidez do solo e devido ao granito”.

Explicou que apostou no marmeleiro tradicional português, que trata pelo método biológico, e não está arrependido. Não aplica pesticidas nem herbicidas e desenvolve a plantação em sequeiro, ou seja, as plantas não são regadas, garantindo que até “o fruto é melhor”. Conta que ainda tentou o processo designado por arrelvamento, mas desistiu porque “na nossa zona, não tendo água, acaba por ser um erro total”. “Tive arrelvamento durante 4 anos mas não resultou, porque as árvores não se desenvolviam. Por isso, optei por lavrar e pelo sequeiro”, explicou.

Quanto a doenças, referiu que “quando o marmeleiro está espalhado no meio de vinhas e de outras plantas, não apanha doenças, mas quando se encontra em pomar, apanha as doenças da pereira e da macieira e começa a ser complicado trabalhar”. As duas doenças “mais preocupantes” são “uma espécie de queima da planta, que acaba por secá-la, que vem de cima para baixo, e a seca dos frutos ainda tenros”. O agricultor, que também possui um café na Guarda-Gare, assume que o pomar “dá muito trabalho”. Relatou que faz a poda das árvores (entre Novembro e Março), lavra a terra (entre Março e Julho) e procede à colheita entre finais de Setembro e princípios de Outubro. “Estou a 100% na agricultura e ajudo a mulher no café”.

Manuel Almeida aconselha os agricultores da região a apostarem no marmeleiro, embora reconheça que “o problema é ao nível comercial, porque os intermediários compram-nos a preços muito reduzidos. O ideal é trabalhar em escala, para que o produtor possa comercializar directamente e poder rentabilizar os transportes”.


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