Exposição "Paula Rego - Rotura e Continuidade" bate recorde de visitantes do Museu do Côa

A exposição “Paula Rego – Rotura e Continuidade” patente no Museu do Côa foi vista por cerca de 60 mil pessoas, no período de oito meses, disse hoje à agência Lusa a presidente da Fundação Côa Parque, Aida Carvalho.

“Tivemos cerca de 60 mil pessoas, um número muito otimista, tendo em conta que os visitantes vieram de propósito para ver esta exposição da Paula Rego [1935- 2022]. Foram visitantes informados, o que revela que a pintora tem uma legião de fãs, quer nacionais quer estrangeiros”, explicou Aida Carvalho.

O número indica um novo recorde de visitantes. Nos primeiros nove meses do ano passado, o Museu do Côa registou 54 mil entradas, tendo entre as exposições mais visitadas “Dark Safari”, a partir da Coleção de Arte Contemporânea do Estado, que ultrapassou as 38 mil, e “Mapas da Terra e do Tempo”, de Graça Morais, vinda do segundo semestre de 2022, que foi vista por perto de 37 mil pessoas.

“Paula Rego – Rotura e Continuidade” abriu ao público no dia 03 de dezembro de 2023. O seu encerramento está previsto para o próximo dia 28 de julho.

“Esta exposição veio reforçar o número de visitantes do museu. Estas exposições temporárias são muito importantes, porque criam um complemento entre a Arte Paleolítica e a Arte Contemporânea, na qual Paula Rego é um nome maior” que atraiu este número de pessoas, explicou a responsável pela Fundação do Côa.

Aida Carvalho indicou ainda que no “Livro de Elogios” do museu os comentários são muito positivos a esta mostra, tendo sido feita uma análise para se tentar perceber e aferir a sensibilidade do público.

“Os cometários deixados no livro são muito otimistas e colocam em destaque a chamada série do ‘Aborto’. Foi uma série que sem dúvida marcou o contexto nacional a juntar às peças de colecionadores particulares [expostas], que os visitantes consideram não serem vistas com muita regularidade”.

Aida Carvalho avançou à Lusa a próxima exposição, “Formas Feitas de Nevoeiro Vivo”, de um coletivo de novos artistas, resultado de uma residência artística no Vale do Côa. Esta mostra coletiva junta nomes como Ana Terriê, Angélica Salvi, Samuel Ornelas e Sara Barros Leitão.

“O nevoeiro é elemento importante nos meses de inverno, neste território, porque dá forma aos rios Côa e Douro, o que inspirou os artistas”, explicou Aida Carvalho à Lusa.

“Formas Feitas de Nevoeiro Vivo” abre ao público a 10 de agosto, altura em que se assinala o 28.º aniversário do Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC).

A exposição “Paula Rego – Rutura e Continuidade” reuniu 80 quadros e a edição de um catálogo.

A curadora da mostra, Catarina Alfaro, responsável pela Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, explicou, na altura da inauguração, que se tratava de um grande grupo de gravuras da artista, destacando a série de litografias “Jane Eyre” e o conjunto dedicado ao “Aborto”.

As obras de algum modo relacionam-se com o propósito indutor do museu e as gravuras do Paleolítico Superior, que assim encontram um novo contexto, pela perenidade e ancestralidade das temáticas.

Desta forma, foi proposta aos visitantes uma abordagem diferente à obra de Paula Rego, destacando ‘períodos-chave’ da construção do seu universo figurativo, dando particular realce à obra gravada.

“Paula Rego – Rotura e Continuidade” explorou o seu universo de histórias, a sua relação com contos tradicionais e de encantar, com as expressões literárias portuguesa e inglesa, com o teatro e o cinema, sublinhando igualmente a subversão com que o fez”, em que a pesquisa figurativa pela via da fantasia e da imaginação ganha uma importância maior.

As gravuras do Paleolítico foram um meio que Paula Rego explorou, em peças elaboradas pela artista que chegaram ao Museu do Côa.

Como explicou então Catarina Alfaro, “trata-se de uma exposição que traz obras desde os anos 1980 até aos anos 2000”, que revelam “técnicas diferentes, histórias diferentes, mas sempre histórias ligadas ao universo da pintora que acabam por ser reveladoras do seu percurso artístico”.

“Paula Rego – Rotura e Continuidade” colocou a gravura em grande destaque na Sala 2 do Museu do Côa, e a pintura nas outras salas da mostra.

“Uma exposição desta dimensão é sempre um desafio” para o Museu do Côa, disse à Lusa a responsável pelas exposições temporárias, Dalila Correia, quando da inauguração da mostra: trata-se de um espaço cultural no interior do país, que requer uma enorme logística em relação a outros equipamentos culturais do género.

Paula Rego nasceu em Lisboa, em 26 de janeiro de 1935. Morreu em 08 de junho de 2022, em Londres. Deixou uma obra que está representada nas mais importantes coleções públicas e privadas do mundo.


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