Especialistas querem melhor coordenação, profissionalização e aposta na intervenção rápida

Incêndios Especialistas em incêndios florestais consideram que Portugal está no bom caminho no combate aos fogos, mas “ainda não é suficiente”, sugerindo melhorias na coordenação, profissionalização dos bombeiros e aposta nas equipas de intervenção rápida. Destak/Lusa | destak@destak.pt Fazendo um balanço da época mais crítica de incêndios florestais, que termina na quinta-feira, o investigador do […]

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Especialistas em incêndios florestais consideram que Portugal está no bom caminho no combate aos fogos, mas “ainda não é suficiente”, sugerindo melhorias na coordenação, profissionalização dos bombeiros e aposta nas equipas de intervenção rápida.

Destak/Lusa | destak@destak.pt

Fazendo um balanço da época mais crítica de incêndios florestais, que termina na quinta-feira, o investigador do Departamento Florestal da Universidade de Trás-os-Montes (UTAD) Hermínio Botelho refere: “A surpresa para mim é que tenha ardido tão pouco”.

Isto porque, adiantou em declarações à agência Lusa, este Verão foi um dos “piores anos de conjuntura meteorológica” para os incêndios de grande dimensão e nos últimos quatros anos “ardeu muito pouco”.

Henrique Botelho adiantou que, devido ao número elevado de ignições diárias, “previa-se que a dimensão dos incêndios fosse maior”, uma vez que os bombeiros “não podiam acorrer” a todos os fogos.

“Claramente estamos a andar no caminho certo, embora paulatinamente. Aquilo que se tem feito nos últimos anos está no bom caminho, temos que reforçar um pouco mais e fazer mais investimento no combate aos incêndios”, sustentou, sugerindo que se deve “melhorar essencialmente a qualidade dos meios e profissionalizar os recursos humanos”.

O investigador defende “mais formação” e “especialização” dos bombeiros, como a aposta no Grupos de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS) da GNR e bombeiros “Canarinhos”.

“Não se deve apostar tanto nos aviões e nos carros de combate”, mas sim em “processos de combate mais rápido”, disse, adiantando que as equipas helitransportadas “chegam mais rápido a locais inacessíveis”.

Também o investigador do Instituto Superior de Agronomia de Lisboa Francisco Castro Rego destacou as melhorias relativamente a 2003 e 2005, mas sublinhou que “ainda falta bastante trabalho de casa”.

O ex-diretor da extinta Direção Geral dos Recursos Florestais considerou que não se pode atribuir a culpa do aumento do número de incêndios este ano apenas à meteorologia, defendendo a nível da prevenção uma maior utilização do fogo controlado durante o inverno para a redução dos combustíveis.

Melhorar a coordenação é outra proposta deixada pelo investigador, que sugere também que as diferenças distritais verificadas neste verão “necessitam de ser avaliadas e depois corrigidas”.

“É natural que quando há uma sequência de anos melhores que o dispositivo fique menos operacional e que se descanse um pouco mais julgando-se que o problema está resolvido. Tem que haver um contínuo investimento e solidez das estruturas organizativas”, frisou.

Nesse sentido, sublinhou que a prática dos fogos controlados de inverno pode ser “uma escola excelente de exercício” de ações de coordenação e de contacto com o terreno.

Já a Associação de Técnicos de Segurança e Proteção Civil (ASPROCIVIL) lamenta a “ausência” de medidas de prevenção básica no final do inverno, nomeadamente as limpezas dos terrenos.

O presidente da ASPROCIVIL, Ricardo Ribeiro, disse também que uma das “falhas do dispositivo” se relaciona com a “inoperância dos serviços municipais de proteção civil”, nomeadamente devido à ausência de técnicos de proteção civil e dos comandantes operacionais municipais.


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