Escritor Jorge de Sena em destaque na Biblioteca Municipal da Guarda

Considerado um dos maiores vultos da cultura portuguesa do século XX, Jorge de Sena (1919-1978) será o destaque do mês de junho da Biblioteca Municipal da Guarda.

A esse propósito, a biblioteca programou uma série de iniciativas dedicadas à vida e à obra deste poeta, ensaísta, dramaturgo, ficcionista e historiador da cultura e autor de uma vasta e multifacetada obra literária.

Jorge de Sena exilou-se no Brasil a partir de 1959 onde concluiu o doutoramento em Letras, passando a reger na Universidade de Araquara as cadeiras de Teoria da Literatura e Literatura Portuguesa. Nos Estados Unidos a partir de 1965 onde, como professor catedrático, toma a direção do Departamento de Literatura Portuguesa e Espanhola na Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara.

A biblioteca inicia o ciclo dedicado a Jorge de Sena, no dia 10, com a abertura ao público de, uma mostra bibliográfica, composta pelas obras do autor que integram o fundo da BMEL, e a abertura da exposição “Jorge de Sena: Camões, Portugal e a Guarda | 40 anos depois do discurso de 10 de junho de 1977 “, exposição dedicada a lembrar o célebre discurso de Jorge de Sena, feito na Guarda, a propósito das comemorações do “Dia de Camões e das Comunidades Portuguesas”.

Ainda no dia 10, às 17h00, e no âmbito do destaque, o ator do elenco do Teatro Nacional D. Maria, Manuel Coelho estará na BMEL para “O “sermão nacional na Guarda” de Jorge de Sena; Poemas de Jorge de Sena e Camões”, uma revisitação e reinterpretação do brilhante discurso sobre Camões e Portugal, que há 40 anos, Jorge de Sena proferiu na Guarda. A sessão será completada com a leitura de poemas de Camões e do próprio Sena.

Ainda no contexto do ciclo dedicado a Jorge de Sena, a Biblioteca Municipal exibe o filme “Sinais de fogo”, dia 14 às 18H00. Uma adaptação cinematográfica do romance de Jorge de Sena, Sinais de fogo, realizada em 1995 pelo realizador Luís Filipe Rocha.
O filme passa-se em Portugal, Julho 1936. A ditadura de Salazar está consolidada e controla totalmente o país. Um grupo de adolescentes passa as suas férias de Verão na Figueira da Foz. Do outro lado da fronteira começou a Guerra Civil da Espanha e, apesar da distância, a sua violência vai repercutir-se na vida destes jovens, lançados num turbilhão de intrigas políticas e paixões desencontradas que marcará tragicamente a sua passagem à idade adulta.

O programa prossegue dia 20, pelas 18h00, com a conferência “Uma pequenina luz”: aspetos gerais da obra de Jorge de Sena, pela professora da Faculdade de Letras Margarida Braga Neves. Uma intervenção que pretende abordar alguns aspetos gerais da obra poética, ficcional, dramática e ensaística de Jorge de Sena, contextualizando-a e pondo em evidência o diálogo epistolar que manteve com Eduardo Lourenço ao longo de mais de três décadas.

A evocação a Jorge de Sena termina, a 26 de junho, às 18h00, com o documentário de Joana Pontes, “Jorge de Sena – o escritor prodigioso”. “O Escritor Prodigioso” é a procura de Jorge de Sena, um dos mais importantes poetas portugueses, trinta anos após a sua morte. Com este filme a realizadora busca os motivos pelos quais a voz do poeta nos chega, ainda hoje, forte, amargurada, afirmativa e de uma intensidade lírica única.

Para além do destaque a BMEL oferece várias iniciativas culturais que vão desde as exposições às oficinas, das apresentações de livros às conversas com autores, entre outras.

A programação deste mês inicia-se com uma conversa informal com o guardense João Bigotte Chorão, logo no dia 2 às 18h00. Já no âmbito do Projeto “A Terra da Escrita,  o autor estará, nesse mesmo dia às 10h30 na Sala Tempo e Poesia, para um encontro com alunos das escolas Secundárias da Sé e Afonso de Albuquerque.
Para além de professor, colaborador em várias publicações e autor de entradas em enciclopédias, João Bigotte Chorão tem-se dedicado à vida e obra de Camilo Castelo Branco, sendo considerado um grande especialista neste autor, uma referência e matriz na sua obra.

A obra “Diário Quase Completo” valeu-lhe o “Grande Prémio de Literatura Biográfica”, atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores e pelo Município de Castelo Branco.

Já dia 6, pelas 18h00, António Salvado Morgado apresentará a obra “A ética comunitarista: exposição, análise crítica e implantação”, da autoria de Joaquim Cardoso Pinheiro.

Uma “viagem no tempo, desde as éticas da modernidade, centradas no racionalismo e no individualismo, até aos anos 80 do século XX, quando começaram a surgir as primeiras propostas de uma ética comunitarista pelo punho dos seus principais representantes: Alasdair MacIntyre e Charles Taylor(…)” Joaquim Cardoso Pinheiro nasceu na Guarda. Frequentou os seminários diocesanos do Fundão e da Guarda. Licenciou-se em Filosofia pela Universidade Pontifícia de Salamanca. Foi professor de Filosofia no Seminário Maior da Guarda e no Instituto Superior de Teologia, em Viseu, do qual foi também diretor. Fez mestrado em Filosofia Geral na Universidade de Lisboa e doutorou-se em Filosofia na Universidade do Porto

No que respeita a exposições a biblioteca apresenta também este mês, “Acordo Fotográfico – livros, leitores e viagens”, de Sandra Barão Nobre, de 6 a 29. A 29, dia em que encerra a exposição, Sandra Barão Nobre apresenta, pelas 18h00, o seu livro “Uma volta ao mundo com leitores”. Ambos, exposição e livro, resultado de material recolhido, como diz a autora, em “Mais de cinco anos. Dez viagens, entre elas uma volta ao mundo. Vinte e três países. Quatrocentos e cinquenta posts com leitores de cinquenta nacionalidades. Milhares de referências a títulos de livros e respetivos autores”.

Dois dias depois, dia 8, às 18h00, será apresentado “O menino que sonhava com uma casa de chocolate”, de Susana Campos.
“O menino que sonhava com uma casa de chocolate” é uma história sobre a adoção onde o sentimento de partilha e pertença são a tónica principal. O livro aborda as relações interpessoais entre as crianças e os funcionários das instituições que muitas das vezes são a única referência social na vida da criança. Uma história que exalta os valores de partilha, compreensão e amor inerentes nas relações.

Já no dia 24, entre as 10 e as 17h00, todos os interessados em conhecer melhor o material que é necessário para aplicar a técnica e realizar trabalhos práticos de criação de papel marmoreado, podem participar na oficina “Papel marmoreado: como se faz?”, por Luciene Fávero e Jorge Valente.

Por fim, nos dias 28 e 30, decorrerá na Sala Tempo e Poesia o XVII Curso de Verão “Lugares e territórios: novas fronteiras, outros diálogos”, tema selecionado tendo em conta a declaração da Organização das Nações Unidas (ONU), de 2017 como o Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento.

No âmbito do projeto “A Terra da Escrita” é promovido um encontro entre João Bigotte Chorão e alunos das escolas secundárias da Sé e Afonso de Albuquerque, no dia 2, às 10h30, na Sala Tempo e Poesia.
De salientar que João Bigotte Chorão é um dos autores destacados no presente ano letivo no projeto “A Terra da Escrita”.
Ainda no campo de ação de “A Terra da Escrita” realiza-se de 19 a 23, a oficina de ilustração “Vamos fazer um livro ilustrado? Com palavras e com imagens? Só com imagens, só com palavras?”, por Ana Biscaia. Esta iniciativa destina-se a crianças do Pré-escolar (Rede Pública) e desenvolver-se-á a partir de textos selecionados (a partir de palavras), os alunos realizarão ilustrações que resultarão, no final da oficina, num livro ilustrado, por todos. A partir da palavra livro muitas coisas se podem aprender e até acontecer…

A exposição “Eduardo Lourenço e os outros: no mundo como devir”, coorganizada pelo CEI e a BMEL para assinalar o 94º aniversário de Eduardo Lourenço, pode ainda ser visitada até ao dia 9.

As iniciativas mensais de promoção do livro e da leitura realizam-se nas seguintes datas: “Em família… na biblioteca” dia 3; “Ronda de Contos” 6, 7, 8, 13 e 14; “A Quinta dos Contos” dias 8, 22 e 29, por fim “Quem conta um conto… acrescenta um conto” dia 21 no Centro de Dia do Marmeleiro.


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