Em 4620 empresários, a maioria quer cortar no emprego até abril

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A intensidade do desemprego nacional está a piorar há dois meses consecutivos (até novembro), mas novos inquéritos do Instituto Nacional de Estatística (INE) e do Eurostat indicam que o pior pode estar para vir.

Em dezembro, a maioria dos 4620 decisores consultados pelo INE, por exemplo, disse que vai reduzir postos de trabalho “nos próximos três meses” e são cada vez mais os que partilham essa opinião. Os consumidores também já pressentem as dificuldades: cada vez mais acham que o desemprego vai piorar.

Os inquéritos de confiança divulgados (na segunda-feira pelo INE e ontem pelo Eurostat) mostram, de forma inequívoca, que a criação de emprego é cada vez menos uma prioridade nos próximos três meses.

Isto é: a amostra de 4620 empresários (1202 da indústria transformadora, 835 do setor da construção, 1125 do comércio e 1458 dos serviços) revela serem cada vez mais e uma maioria os que assumem não ver condições no seu negócio e no futuro de curto prazo da economia para manter o nível atual de empregos. Uma maioria crescente acredita que terá de reduzir força de trabalho.

O Eurostat mostra esse mesmo problema generalizado de falta de confiança no emprego futuro, menos na indústria transformadora, onde a melhoria foi ligeira.

Todos os setores mais pessimistas em simultâneo

Mas o INE mostra uma situação nova: pela primeira vez desde finais de 2012 — estava Portugal mergulhado numa crise aguda e a meio do programa de austeridade do Governo PSD/CDS e da troika — que os quatro setores não pioravam em simultâneo as suas perspetivas face ao emprego.

O INE confirma que na indústria “as expectativas de emprego agravaram-se pelo segundo mês consecutivo após ligeira recuperação registada em outubro, retomando a trajetória negativa iniciada em abril”.

Na construção, um dos setores mais fustigados pela crise dos bancos, as perspetivas “agravaram-se ligeiramente no último mês, suspendendo a trajetória ascendente registada desde dezembro de 2012”.

No comércio, “agravaram-se no último mês, interrompendo o perfil crescente observado desde final de 2012”.

E nos serviços, o maior setor da economia, “as expectativas sobre a evolução do emprego agravaram-se no mês de referência [dezembro], contrariando o movimento crescente iniciado em fevereiro de 2013”.

Todos os saldos de respostas dos quatro sectores dão um valor negativo e pior do que em novembro. Ou seja, há cada vez mais gente a dizer que tem de cortar emprego e menos os que assumem poder manter ou reforçar quadros.

Anteontem, o Eurostat indicou que Portugal e Chipre são os países da Europa com maior agravamento no desemprego. Este está a subir há dois meses seguidos, tendo ficado em 13,9% em novembro, em Portugal. Em termos absolutos, o país ganhou 18 mil desempregados em apenas um mês, valor que representa mais de metade da subida verificada na antiga zona euro a 18 países. Total de pessoas sem trabalho: 713,7 mil.

Já o ministro da Economia, António Pires de Lima, diz estar “muito confiante” na retoma do mercado de trabalho.

INE ouve 4620 empresários

A amostra é composta por 4620 empresários: 1202 da indústria transformadora, 835 do sector da construção, 1125 do comércio e 1458 dos serviços. Os sectores queixam-se de uma degradação nas perspetivas da economia ou das vendas.

Onde é pior? Construção e serviços

Todos os quatro sectores estão mais pessimistas quanto à criação de emprego nos próximos três meses. Mas nota-se mais na construção e nos serviços.


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