Crise/Energia: Empresa de silvicultura da Guarda aumenta valores dos novos contratos

Uma empresa de silvicultura da Guarda que opera a nível nacional está a ter custos acrescidos devido aos aumentos dos combustíveis e o seu diretor executivo (CEO) disse hoje que a situação terá reflexos nos próximos contratos.

“Vamos ter que alinhar [os valores dos próximos contratos]. O nosso orçamento de custos vai ter que contemplar todas estas atualizações de preço [dos combustíveis]. Cada vez mais, o preço para o consumidor final irá ficar mais elevado”, disse hoje à agência Lusa Orlando Faísca, CEO da Floresta Bem Cuidada.

A empresa, fundada em 2004, com o objetivo de prestar serviços nas áreas da preservação, restauro, proteção e rentabilização do património florestal, está instalada na Plataforma Logística da Guarda e tem clientes em todo o território nacional.

Segundo o responsável, os combustíveis na empresa representam cerca de 8% dos custos e com a escalada de preços esses custos aumentam mais 20%, o que representa um valor “na ordem dos 200 mil euros por ano”, o que é “algo preocupante”.

“A nossa empresa realiza trabalhos por todo o país. O meio de transporte é exclusivamente para nós chegarmos à execução dos nossos trabalhos e, nesse sentido, torna-se muito difícil. E como não temos atualização de preços para os trabalhos que temos em curso, é algo que nos penaliza em muito”, disse.

O CEO da Floresta Bem Cuidada disse que a empresa não tem qualquer instrumento para aliviar a carga fiscal e os trabalhos que presta estão contratualizados “a um espaço de ano e meio” e terão de ser assegurados.

“A maior parte deles não irão ter atualização de preços. E, se o tiverem, é só final do ano. Portanto, vai ser bastante penoso”, vaticinou o empresário, que também é presidente da Associação Empresarial da Região da Guarda – NERGA.

A empresa tem cerca de 100 colaboradores e presta serviços na área da floresta, pragas e infestantes, arboricultura e consultoria técnica a autarquias e a clientes da componente das infraestruturas de linhas elétricas, rodoviárias e ferroviárias.

Para além dos custos com as deslocações dos trabalhadores, alguns dos equipamentos utilizados operam com recurso a combustíveis fósseis (gasolina e gasóleo), uma vez que nas opções com recurso a outras energias “ainda não há muitas soluções”.

“O custo maior é da deslocação das viaturas para chegar ao local de trabalho, isto é, chegarmos a Lisboa, ao Porto ou a Viana do Castelo e, depois, aí termos que operar com a maquinaria ligeira [motorroçadoras, motosserras, etc.], com tratores ou máquinas florestais”, sublinhou Orlando Faísca.

O empresário adiantou, no entanto, que a empresa já possui cerca de 70 pulverizadores elétricos e algumas motorroçadoras elétricas.

“O caminho faz-se por aí, mas é preciso que haja uma adaptação das próprias marcas”, disse.

Orlando Faísca explicou prever que devido aos efeitos negativos da pandemia e da guerra na Ucrânia a Europa ficará “mais robusta” no futuro.

“Se o covid veio acelerar a digitalização, veio acelerar o teletrabalho e acelerar toda a componente digital, a componente da guerra vai trazer, também, um aceleramento da componente energética para uma transição energética. Nós, daqui a três/cinco anos, vamos estar muito mais robustos e vamos estar com tecnologias muito diferentes das atuais”, concluiu.


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