Crescimento da segunda economia mundial abrandou

O crescimento da segunda maior economia mundial, a China, abrandou no primeiro trimestre de 2014, para 7,4% – o valor mais baixo desde o terceiro trimestre de 2012 – , mas a desaceleração anunciada hoje acabou por superar muitas previsões.

A economia chinesa “teve um comportamento adequado” e “o seu ajustamento, transformação e melhoria estruturais continuaram a progredir”, disse o porta-voz do Gabinete Nacional de Estatísticas da China, Sheng Laiyun, ao apresentar os principais indicadores do primeiro trimestre do ano.

“Contudo, temos de ter presente que o ambiente externo permanece complicado e volátil, e que a economia nacional ainda enfrenta pressões descendentes”, acrescentou o porta-voz.

O crescimento do Produto Interno Bruto chinês entre janeiro e março de 2014 representa um abrandamento de 0,3 pontos percentuais em relação a igual período de 2013 e também face ao último trimestre do ano passado.

Economistas citados na terça-feira na imprensa oficial previam um crescimento de 7,2% ou 7,3% no primeiro trimestre de 2014, ligeiramente abaixo da meta de “cerca de 7,5%” preconizada pelo governo para o conjunto do ano.

O crescimento económico anunciado hoje foi o mais baixo desde o terceiro trimestre de 2012.

“Mesmo assim, foi muito melhor do que o crescimento de 6,6% registado no primeiro trimestre de 2009, quando a crise financeira global causou estragos”, assinalou a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua.

A China é a segunda economia mundial, a seguir aos Estados Unidos da América, e o seu crescimento tem sido um dos principais motores da recuperação global.

De acordo com outros indicadores do primeiro trimestre de 2014 divulgados hoje, a produção industrial chinesa aumentou 8,7% e o investimento em bens fixos, entre os quais infraestruturas, cresceu 17,4% – menos um e dois pontos percentuais, respetivamente, do que a média de 2013.

As vendas a retalho, um dos principais indicadores do consumo interno, aumentaram 12%, menos 1,1 pontos do que a subida registada no ano passado (13,1%).

Descontada a inflação (2,3%), o rendimento disponível per capita nas zonas urbanas, onde vive a maioria da população, subiu 7,2%, para 8.155 yuan (cerca de 950 euros), e nas zonas rurais 10,1%, para 3.224 yuan (380 euros).

Segundo outro indicador, divulgado há uma semana, no primeiro trimestre deste ano, o comércio externo da China caiu 1,6% em relação a igual período de 2013, para 965,88 mil milhões de dólares (69,8 mil milhões de euros) – 9,1 pontos percentuais abaixo do crescimento de 7,5% fixado pelo governo.

As exportações, consideradas outrora o grande motor do crescimento económico da China, diminuíram 3,4%, reduzindo o excedente comercial do país para 16,74 mil milhões de dólares (12,1 mil milhões de euros).

Há duas semanas, o governo chinês anunciou um pacote de estímulos, designados por “medidas pró-crescimento”, nomeadamente para construção de caminhos-de-ferro e redução de impostos às pequenas empresas.

O Banco Mundial, entretanto, reviu em baixa a previsão sobre o crescimento económico da China em 2014, de 7,7% para 7,6%.

Pelas contas do Fundo Monetário Internacional, a China assegurou mais de um terço do crescimento global nos últimos cinco anos e quase 50% do crescimento das economias emergentes e em vias de desenvolvimento.

Durante a sua ultima visita a Pequim, em março passado, a diretora do FMI, Christine Lagarde, elogiou o “papel estabilizador” da China na economia global, mas exortou o país a promover um crescimento “mais inclusivo, mas amigo do ambiente e mais sustentável”.

“A China está de novo numa encruzilhada. Embora os índices de crescimento continuem impressionantes, isso esconde alguns graves problemas que precisam de ser ultrapassados”, disse Lagarde.


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