Os chefes dos governos de Portugal e Espanha afastaram no sábado a possibilidade de um novo encerramento das fronteiras, sublinhando a necessidade de mais responsabilidade individual no combate à pandemia covid-19.
O primeiro-ministro português, António Costa, afirmou que não se justifica encerrar as fronteiras e defendeu, na conferência final da Cimeira Lusa-Espanhola, na Guarda, que atualmente o que se exige é “mais responsabilidade individual”.
“Não contemplamos em absoluto o fecho das fronteiras”, disse também o presidente do governo de Espanha, Pedro Sánchez, clarificando que as medidas que vierem a ser tomadas serão em conjunto com Portugal e os restantes estados membro da União Europeia.
A pandemia foi um dos temas em discussão na 31ª Cimeira Luso-Espanhola, tanto na declaração conjunta no final dos trabalhos como na conferência de imprensa final dos dois chefes dos governos de Portugal e de Espanha.
Portugal atingiu no sábado um número recorde de mais de 1.600 novos casos de infeções com o novo coronavírus e Espanha está a apertar as medidas de contenção em Madrid contra a pandemia.
Pedro Sánchez salientou que “a evolução da pandemia é preocupante em todo o continente europeu” com um aumento de contágios em todos os países.
“O que temos é de dar uma resposta comum, homogénia”, defendeu, clarificando que, por isso, Espanha não tem, nem contempla “em absoluto o encerramento de fronteiras”.
“Qualquer decisão que tomarmos será do ponto de vista homogénio e partilhado com o governo português e com os restantes governos europeus”, sustentou.
António Costa referiu-se também à segunda vaga de infeções que toda a Europa está a enfrentar, “por vezes com um maior número de novos casos do que na primeira vaga”, para acrescentar que agora “todos estão melhor preparados” e que não é possível repetir medidas como o confinamento obrigatório.
“Temos todos consciência que a sociedade, as famílias, as empresas não podem voltar a suportar o custo de uma paragem global como aquela que tivemos no princípio desta pandemia”, afirmou.
O primeiro-ministro português lembrou os custos sociais e económicos para defender que é preciso travar a pandemia “com novas armas, não pode ser parar outra vez tudo”.
“Essas novas armas têm de ser a responsabilidade individual de cada um de nós de sermos muito responsáveis na forma como mantemos as regras da disciplina”, concretizou.
António Costa salientou ainda que “os custos da pandemia não são só económicos, são custos sociais”.
“A violência que constitui para os idosos não poderem ser visitados nos lares, terem que estar isolados, não poderem ter contacto com as famílias, é algo que é uma violência e um custo social que temos dificuldade seguramente em medir”, exemplificou.
“Por isso, nós temos hoje de ter cada vez maior responsabilidade individual e menos imposição legal naquilo que diz respeito às regras que têm de ser cumpridas”, acrescentou.
Quanto à gestão das fronteiras, considerou que “Portugal e Espanha têm sido exemplares ao longo destes meses porque, ao contrário do que aconteceu noutros países, não houve decisões unilaterais”.
“Creio que, neste momento, não se justifica esse fecho de fronteiras, estamos numa situação completamente diferente da que estávamos em abril”, afirmou.
António Costa concretizou que a diferença não é relativa ao número de casos, mas ao que se sabe sobre o vírus, “à capacidade que os sistemas de saúde têm para enfrentar os casos mais graves”, a “uma alteração significativa” na população que está hoje a ser mais atingida, “mais nova, com consequências menos gravosas, e a permitir que o Serviço Nacional de Saúde esteja a ter capacidade de responder com segurança”.