“Essencialmente deu um novo fôlego à tradição. Nota-se pela afluência das pessoas de fora e, por outro lado, pela forma mais esmerada como as mordomias, as comissões e os organizadores tratam a manifestação”, disse o autarca à agência Lusa.
A capeia arraiana é uma tradição do concelho do Sabugal, que tem maior projeção nos meses de verão, com a presença de milhares de emigrantes e de naturais da região.
É uma manifestação tauromáquica que se distingue das restantes por incluir a lide do touro bravo com recurso ao forcão, um engenho em madeira de forma triangular que é manuseado por cerca de 30 homens.
O forcão tem por objetivo “cansar” o touro para que, posteriormente, os homens mais corajosos o possam agarrar.
A tradição é praticada nas localidades de Alfaiates, Aldeia Velha, Aldeia da Ponte, Aldeia do Bispo, Fóios, Forcalhos, Lageosa, Nave, Rebolosa, Soito e Ozendo (freguesia de Quadrazais).
O registo de uma manifestação no Inventário Nacional constitui condição indispensável para a sua eventual candidatura a Património Cultural Imaterial da Humanidade, mas o autarca do Sabugal assinala que o reconhecimento já obtido pela capeia permitiu aos organizadores locais tratarem-na “com mais responsabilidade, sentindo o peso da preservação e do bem-fazer”.
No âmbito do processo de preservação desta tradição tauromáquica, a Câmara Municipal do Sabugal e a Junta de Freguesia de Aldeia da Ponte iniciaram o projeto de criação, nesta aldeia, de um Centro Interpretativo da Capeia.
“O edifício está concluído, faltando a segunda fase, relacionada com a colocação de conteúdos que estão a ser trabalhados pela Junta de Freguesia de Aldeia da Ponte em colaboração com a Câmara Municipal”, disse à Lusa António Robalo.
O autarca do Sabugal indicou que o projeto de recuperação e adaptação do edifício às novas funções custou cerca de 100 mil euros e foi comparticipado por fundos comunitários.
O futuro centro interpretativo deverá ser recheado com “memórias, exemplificação de momentos da capeia e também com todo o material, desde a montagem do forcão à nomeação dos mordomos, ou seja, com todos os preparativos que anualmente se renovam”, indicou.
“É como se fôssemos colocar ali, em material expositivo, tudo aquilo que teve que se juntar, em 2009 e 2010, para promover a capeia como Património Cultural Imaterial”, acrescentou.
António Robalo prevê que o Centro Interpretativo da Capeia Arraiana esteja “em condições de ser aberto ao público” no próximo verão.