“Não [fiquei surpreendido]. Naturalmente que a nossa perceção era a de que iríamos ter um decréscimo populacional nesta década. Efetivamente, não esperávamos que o decréscimo fosse tão significativo. Contudo, é com preocupação que olhamos e encaramos esses dados”, disse Paulo Langrouva.
O autarca falava à agência Lusa depois de serem conhecidos os resultados preliminares dos Censos 2021, divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que revelam que o número de habitantes no município de Figueira de Castelo Rodrigo diminuiu 17,7% (menos 1.110), tendo agora 5.150, quando em 2011 tinha 6.260 residentes.
A autarquia não pode “escamotear a realidade” e irá analisar os dados “freguesia a freguesia”, para, depois disso, tomar algumas medidas que possam ajudar a inverter a situação, disse o autarca.
“Aliás, o município já tem várias medidas implementadas para tentar minimizar este decréscimo populacional e falo concretamente das medidas de apoio à natalidade, das medidas de apoio à fixação de jovens e de jovens casais, das medidas de apoio à situação de precariedade dos jovens e de apoio na medicação, etc. Agora, obviamente que todas estas medidas ‘per si’ não nutrem o efeito que era necessário e que se esperava que tivessem neste domínio”, apontou.
Assim sendo, o autarca socialista considera que o Governo tem “algumas responsabilidades” nesta matéria.
“Havendo uma estratégia a nível nacional de política de repovoamento e de fixação de pessoas no interior, certamente que o acentuado decréscimo populacional não se teria verificado”, admitiu.
Na opinião do autarca, “tem que haver decisões governativas e com estratégias claras e bem definidas para apoiar as empresas” a instalarem-se nos territórios do interior.
“Uma das necessidades urgentes que temos é a criação e o incentivo à estimulação de criação de empresas no interior do nosso país e isso deve ser um foco muito importante. Porque os jovens, e não só, só se fixam nestes territórios se tiverem emprego. Se as pessoas não tiverem emprego veem-se forçadas a terem que abandonar as suas terras”, justificou.
Para Paulo Langrouva, deve ser uma preocupação do Governo “criar incentivos para a fixação de pessoas no interior”.
O autarca vai escrever ao Governo a manifestar a sua preocupação porque, no caso do seu concelho, perder 1.110 pessoas em dez anos é “preocupante”.
“O Governo vai ter que definir uma política e uma estratégia a nível nacional de combate à desertificação deste interior e de fixação de pessoas”, rematou.
Portugal tem 10.347.892 residentes, menos 214.286 do que em 2011, segundo os resultados preliminares dos censos 2021, divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Trata-se de uma quebra de 2% relativamente a 2011, consequência de um saldo natural negativo (-250.066 pessoas, segundo os dados provisórios).
O saldo migratório, apesar de positivo, não foi suficiente para inverter a quebra populacional, segundo o INE, que sublinha que, em termos censitários, a única década em que se verificou um decréscimo populacional foi entre 1960 e 1970.
Os dados preliminares mostram que há em Portugal 4.917.794 homens (48%) e 5.430.098 mulheres (52%).
O Algarve e a Área Metropolitana de Lisboa (AML) foram as únicas regiões que registaram um crescimento da população nos últimos 10 anos.