Castanheiro de Guilhafonso na lista negra da Autoridade Florestal

Em mau estado depois de ter sido atingido por um raio Apenas uma ínfima parte das árvores classificadas de Interesse Público, 14 entre 409, encontra-se em mau estado vegetativo, incluindo duas em vias de desclassificação por estarem a secar, segundo a Autoridade Florestal Nacional (AFN). No grupo das espécies em vias de desclassificação estão o […]

Em mau estado depois de ter sido atingido por um raio

Apenas uma ínfima parte das árvores classificadas de Interesse Público, 14 entre 409, encontra-se em mau estado vegetativo, incluindo duas em vias de desclassificação por estarem a secar, segundo a Autoridade Florestal Nacional (AFN). No grupo das espécies em vias de desclassificação estão o choupo-híbrido da Quinta dos Lilazes, Lisboa, com “perigo de desprendimento de ramos” secos, e a azinheira da Herdade de Pias, Mértola, “sem qualquer possibilidade de recuperação”.

A “lista negra” da AFN, facultada à agência Lusa, integra o castanheiro de Guilhafonso, no concelho da Guarda, com 517 anos, “a viver em dificuldade por ter sido atingido por um raio”, o sobreiro de Reguengo Grande, Odemira, que tem o tronco “oco e com podridões”, e o castanheiro de Alto dos Malhões, Bragança, gravemente doente. Há ainda a tamareira da Quinta da Prata, Alhos Vedros, cuja copa está a ficar sem cor devido à poluição do ar.

“De um modo geral, as árvores classificadas de Interesse Público apresentam-se em bom estado vegetativo face à idade e ao local onde estão inseridas”, assinala Campos Andrada, técnico-superior da Direcção de Unidade de Defesa da Floresta da AFN. Contudo, admite, “muitas estão em stress”, mesmo antes da sua classificação, porque situam-se na via pública de cidades, em “solos impermeabilizados e em caldeiras por vezes insuficientes para a sua dimensão”. “Outras, por se encontrarem em parques ou jardins muito frequentados pelo público, ficam sujeitas à compactação das raízes”, conclui Campos Andrada.

Apesar de secas, algumas árvores mantêm, excepcionalmente, o estatuto de Interesse Público, a mais alta distinção atribuída ao património arbóreo, porque têm história.

Municípios lideram pedidos de classificação de árvores

Os municípios são quem mais pede à Autoridade Florestal Nacional (AFN) a classificação de uma árvore, para fins turísticos ou de educação ambiental, seguindo-se os proprietários orgulhosos do seu património e os cidadãos atentos.

As “Árvores de Interesse Público”, estatuto de preservação atribuído apenas a espécies de Portugal Continental, são classificadas, por lei, pela AFN, tutelada pelo Ministério da Agricultura. Os critérios de classificação, como o porte, a idade e a raridade, estão definidos desde 1938.

“A maior parte dos pedidos de classificação que dão entrada na Autoridade Florestal Nacional chega das câmaras municipais, que usam estas árvores como pólo de atracção turística e para educação ambiental nas escolas”, explicou à agência Lusa o director da Unidade de Defesa da Floresta da AFN, Rui Almeida. Seguem-se depois “os proprietários, aqueles que nutrem pelas suas árvores grande estimação e sentem orgulho em ter árvores classificadas de Interesse Público”. “Outros pedidos vêm do cidadão comum, aquele que gosta das árvores e tenta preservá-las”, conclui Rui Almeida.

Também a AFN pode, por sua iniciativa, propor a classificação de uma árvore. É em jardins, parques, matas, adros de igrejas e praças que se encontram alguns dos mais imponentes exemplares.

Depois de classificadas, as árvores ganham um perímetro de protecção de 50 metros de raio a contar da sua base. Não podem ser cortadas ou desramadas sem prévia autorização da Autoridade Florestal Nacional, devendo os trabalhos de manutenção ser efectuados sob sua orientação técnica.

De dez em dez anos, as árvores são medidas, o que permite, segundo o director da Unidade de Defesa da Floresta da AFN, “acompanhar” o seu “crescimento”, a fim de “prevenir a sua decrepitude”. O que nem sempre é bem sucedido. Há espécies que não conseguem resistir aos anos, a temporais, fogos ou atentados de “pessoas pouco esclarecidas”, salienta o portal da AFN. Ainda assim, “nos últimos dez anos, nota-se um maior interesse da parte dos cidadãos e das administrações locais na necessidade de proteger e valorizar estas árvores”, defende Rui Almeida.


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