“Como se sabe, a água do Regadio [da Cova da Beira] não chega à zona sul do concelho, pelo que, neste momento, a situação já é gravíssima e pode piorar. Tememos que, nas próximas campanhas, tenhamos de enfrentar um quadro de calamidade com as produções e até a sobrevivência das plantações estará em risco”, disse em declarações à agência Lusa o presidente do município do Fundão, Paulo Fernandes.
O autarca explicou que os agricultores das freguesias abrangidas “estão profundamente preocupados” com a “situação dramática” que enfrentam, visto que a chuva que caiu até agora foi “absolutamente insuficiente” para repor a água quer nos solos e nos pastos, quer nas charcas e restantes captações de água a que os agricultores normalmente recorrem.
Segundo referiu, há situações em que níveis normais de água nas charcas e poços privados estão abaixo dos 50%.
“Temos feito várias reuniões de acompanhamento junto dos produtores e os relatos que nos chegam são muito preocupantes”, apontou, destacando que os prejuízos podem ser incalculáveis.
Lembrando que nesta zona há mais de cinco mil hectares de área frutícola (essencialmente cereja e pêssego) e uma aposta muito forte na agricultura e na pecuária, o autarca frisou a importância de se colocar em prática um plano de contingência para ajudar a minimizar os impactos provocados pela seca.
Segundo referiu, esse plano terá de englobar apoios diretos que o Governo possa criar para produtores, bem como o acesso ao financiamento para a abertura de furos ou novas captações de água e ainda a agilização dos procedimentos para o licenciamento dessas captações.
Medidas que este município do distrito de Castelo Branco já reivindicou junto da tutela, durante uma reunião realizada este mês com o secretário de Estado da Agricultura.
Segundo Paulo Fernandes, o governante mostrou-se sensível para os problemas, lembrando que os agricultores poderão recorrer à linha de apoio criada no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) para a aquisição de cisternas, transporte de água e abertura de charcas ou furos.
Por outro lado, a autarquia também já expôs a situação à Direção Geral de Agricultura e Pescas do Centro e pediu uma reunião à Agência Portuguesa do Ambiente, no sentido de articular a melhor forma de agilizar o licenciamento para novas captações de água.
Além disso, Paulo Fernandes aproveitou ainda o encontro com o secretário de Estado para reafirmar a necessidade de se adotarem “medidas estruturais e de longo prazo”, em particular a da construção de um Aproveitamento Hidroagrícola do Sul da Gardunha, que daria continuidade ao Regadio da Cova da Beira e para o qual a autarquia já avançou com um estudo de viabilidade.