“Cada um paga o que pode” para assistir a festival de artes na Covilhã

Os espetáculos do Festival Y – Artes Performativas, que arranca na próxima quarta-feira, na Covilhã, não vão ter bilhete com valor fixo e “cada um pagará o que pode”, disse hoje à agência Lusa a organização.

“Devido às dificuldades que as pessoas atravessam, decidimos não cobrar um valor fixo de bilhete e deixar para o espetador a liberdade de fazer um donativo. No fundo, cada um pagará o que pode”, referiu Rui Sena, diretor artístico da Quarta Parede, associação que promove o festival.

Em anteriores edições, o bilhete por espetáculo custava em média seis euros (sujeito a descontos), mas a Quarta Parede optou, este ano, por avançar com o que classifica como uma “medida experimental”, que pretende “averiguar quais as possibilidades do público para que, nas próximas edições, o valor dos bilhetes possa ser adaptado”.

“O objetivo é o de que não seja o preço a afastar as pessoas de um festival que apresenta uma oferta de grande qualidade”, disse, deixando também o apelo para que todos contribuam.

“Nunca ninguém deixou de ver um espetáculo da Quarta Parede por não ter dinheiro, mas temos de ter em conta que o trabalho de todos, incluindo dos artistas, deve ser reconhecido e, por isso, esperamos que ninguém fique sem fazer o respetivo donativo”, apontou.

Do programa desta 11.ª edição do Festival Y – Artes Performativas, Rui Sena destaca que haverá um “forte olhar sobre o 25 de Abril”, através de três espetáculos que têm como base “essa importante data da história de Portugal”, graças à qual também é possível fazer “um festival que tem na sua configuração a liberdade de opiniões, de estéticas e de criadores”.

O festival prolonga-se entre quarta-feira e 25 de outubro e no total serão apresentados oito espetáculos das áreas de teatro, música, dança e dança/performance, todos assegurados por criadores portugueses.

“Achamos que a área cultural, e essencialmente a que está ligada às artes performativas, atravessa um momento extremamente difícil e decidimos desta forma dar um contributo e um impulso ao que se faz em Portugal”, apontou.

Rui Sena sublinhou ainda a “qualidade e reconhecido mérito” dos participantes, grande parte dos quais premiados a nível nacional e internacional.

Já depois do festival, entre os dias 27 e 30 de novembro, será realizada uma residência artística, que reunirá cerca de 15 pessoas ligadas a diferentes áreas de criação com objetivo de se definirem linhas orientadoras para um espetáculo inovador de arte contemporânea a conceber no futuro.

O orçamento do festival é de 60 mil euros, 25 mil euros dos quais comparticipados pela Direção Geral das Artes.


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