Beiras e Serra da Estrela no centro de projeto cultural com 21 aldeias e seis cidades

O projeto foi hoje apresentado publicamente no Fundão, e será desenvolvido pela Associação Luzlinar, em parceria com as câmaras do Fundão, da Guarda, de Celorico da Beira e de Belmonte.

A região das Beiras e Serra da Estrela vai estar no centro de um projeto que une cultura e ciência com o objetivo de promover a investigação artística e científica dentro do território e que envolverá 21 aldeias e seis cidades.

Com a denominação “ARS – Arte e Ciência Estrutura de Investigação”, o projeto foi hoje apresentado publicamente no Fundão, distrito de Castelo Branco, e será desenvolvido pela Associação Luzlinar, em parceria com as câmaras do Fundão, da Guarda, de Celorico da Beira e de Belmonte e com a candidatura “Guarda Capital Europeia da Cultura”, além de contar com apoio de várias entidades e instituições científicas.

O projeto estará focado no “território” e pretende criar uma estrutura de investigação multidisciplinar que contará com a criação de cinco unidades de investigação que acolherão laboratórios de pesquisa artística e científica, num cruzamento de diferentes áreas do conhecimento.

Instalados no Fundão, na Guarda, em Trancoso, em Belmonte, em Celorico da Beira e em Lisboa, estes laboratórios terão linhas de investigação autónomas com “requisitos e especificidades singulares para a experimentação” e cujas temáticas têm que ver com a realidade local e com o território onde se fixou.

A título de exemplo a unidade “Comuna, que já está instalada no Fundão”, abarca a área da sociologia e tem três temas base: Ruínas, Aquíferos e Cidade Pomar.

Na Guarda ficará unidade “Escola”, focada no setor ambiental e na abordagem das Estações Bucólicas, das Experiências da Floresta, dos Habitantes da Montanha e do Fio de Sustentabilidade.

A localização destas unidades define uma linha que circunda a parte oriental da Serra da Estrela e tem o principal foco no conhecimento do meio rural, mas também abarca Porto e Lisboa, num universo total de 21 aldeias e seis cidades.

“A ARS promoverá a contemporaneidade e fomentará a investigação artística e científica, num trabalho articulado com a comunidade, as escolas e a universidade, estabelecendo assim uma ligação efetiva entre Arte, Educação, Ciência e Cultura”, afirmou Carlos Fernandes, diretor do projeto.

Este responsável acrescentou que começou a ser delineado ao longo dos últimos três anos, a partir do Fundão, e que entretanto foi alargado aos restantes municípios parceiros, com o objetivo de desenvolver “um ecossistema sustentável”, em que as comunidades estejam dentro do processo, tornando assim “nuclear” o binómio inovação/integração.

Entre as atividades a levar a cabo estão, por exemplo, cursos avançados, pós graduações, aprendizagem informal e escolas, o desenvolvimento de projetos teórico-práticos em tutoria de inovação e desenvolvimento, pesquisas, seminários, apresentações públicas, conferências, oficinas, exposições, performances e edição de conteúdo.

Presente nesta sessão, a diretora Regional de Cultura do Centro, Susana Menezes, considerou que este projeto “vai revolucionar a região”.

Susana Menezes destacou o facto de o projeto se enquadrar e seguir vários dos princípios presentes na Carta de Porto Santo, que se propõe ser “um mapa orientador do novo paradigma da democracia cultural” e que visa ser um farol orientador de políticas, discursos e práticas culturais com base na participação “efetiva e ativa” dos diferentes grupos.

Anfitrião desta apresentação, o presidente da Câmara do Fundão, Paulo Fernandes, vincou o aspeto colaborativo da ARS e de o mesmo permitir aumentar a massa crítica e o conhecimento dos territórios, contribuindo para os valorizar e para criar uma maior capacidade de atração.

“Nós queremos ser um território de acolhimento. Queremos e precisamos. Precisamos e queremos e não há verdadeiros territórios de acolhimento que não sejam multiculturais e com um posicionamento absolutamente aberto do ponto de vista do que é a receção e da possível entrada de toda a e mais alguma linguagem, cultura e língua ou área de trabalho”, fundamentou.

Por seu turno, o vice-presidente da Câmara da Guarda, Victor Amaral, destacou que esta é uma “aposta extraordinária, que permite “olhar de dentro para fora”, que tem uma componente “inspiradora” e que “seguramente” contribuirá para a capacitação das terras e para revela o “apelo do interior”, que já é “um marco” da candidatura “Guarda Capital Europeia da Cultura 2027”.

“Esta é mais uma oportunidade de não perdermos e de preservarmos coisas fundamentais, como a nossa história, a nossa memória, a nossa identidade”, concluiu o presidente da Câmara de Celorico da Beira, Carlos Ascensão.


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