Autorização para mina de urânio em Salamanca suspensa

Uma decisão aplaudida pelos ambientalistas ibéricos.

A Comissão Territorial do Ambiente e Urbanismo de Salamanca suspendeu por dois meses a autorização de uso de solo para a mina de urânio a céu aberto, uma decisão aplaudida pelos ambientalistas ibéricos.

O governo autonómico explicou, na terça-feira, em comunicado, que, depois de analisar o pedido de autorização de utilização excecional de solo rústico para o projeto mineiro em Retortillo, concluiu faltar um conjunto de requisitos.
Entre os dados em falta estão os relatórios da autarquia de Retortillo, na região de Salamanca, perto do distrito da Guarda, sobre a declaração de interesse público do projeto.

“Deu-se, assim, mais um passo para parar este projeto especulativo que está a hipotecar o futuro de todo o Campo del Yestes. Fica suspensa a abertura da que seria a única mina de urânio a céu aberto na Europa”, salienta o MIA.
O Movimento, que integra várias associações portuguesas, referiu que, àquela decisão, junta-se “a paralisação pelo Ministério da Indústria da tramitação do processo da fábrica de concentrados da mina, por não ter o visto do Conselho de Segurança Nuclear”.

Este organismo pediu mais informação à empresa mineira australiana Berkeley, nomeadamente acerca da gestão dos resíduos radioativos, acrescentou o MIA.

Na terça-feira, mais de uma centena de pessoas ficaram durante quatro horas em frente à delegação territorial da Junta de Castilla e León, em Salamanca, à espera da decisão da comissão e o porta-voz da Plataforma Stop Uranio, José Ramón Barrueco, considerou que, com esta decisão, ganha-se tempo para que o projeto não se concretize.

A plataforma denunciou que, na declaração de impacto ambiental, não foi tido em conta que os resíduos gerados na exploração da mina vão ser radioativos nem foram avaliados os efeitos transfronteiriços com Portugal.

Na semana passada, o presidente da Associação de Municípios Ribeirinhos do Douro defendeu que a “suspensão temporária” do processo de autorização da construção de uma fábrica de concentrados de urânio em Retortillo, perto fronteira espanhola, “não é a melhor solução”.

A fábrica de “concentrados de urânio” de Retortillo iria situar-se perto dos concelhos portugueses de Almeida e Figueira de Castelo Rodrigo, no distrito da Guarda.

“Esta solução temporária não é a melhor solução, porque coloca em causa populações, cursos de água, áreas protegidas reconhecidas pela Unesco, como é caso do Alto Douro Vinhateiro ou a Reserva da Biosfera da Meseta Ibérica. Esta decisão terá de ser tomada de forma de definitiva e sem prejuízos para os ecossistemas ibéricos”, disse à Lusa, Artur Nunes.

A fábrica irá fazer a separação do urânio dessa mina e pode também usar material proveniente de outras minas espanholas.


Conteúdo Recomendado