O candidato, que já se desfiliou do partido, disse à agência Lusa que encara esta mudança “com a mesma naturalidade com que o atual presidente da Câmara, Flávio Massano, foi deputado do PSD na Assembleia Municipal, foi filiado na JS e hoje está num movimento independente”.
“Toda a gente sabe que o seu número dois, Sérgio Marcelo, é socialista. A sua chefe de gabinete foi filiada no PSD, Albino Cardoso, cabeça de lista do movimento independente à Assembleia Municipal, foi filiado e deputado municipal do PS e candidato pela CDU”, acrescentou.
Nuno Soares também não se esqueceu de Nuno Gonçalves, o candidato do PSD à Câmara, por ter começado “a carreira política” como candidato do PS à Junta de Vale de Amoreira e depois pelo PSD, “e ganhou”.
Exemplos que disse confirmarem que, nas autárquicas, “muito mais importante do que a cor partidária, é aquilo que as pessoas estão interessadas e disponíveis a fazer pela sua terra”.
O seu nome foi aprovado por unanimidade pela secção local do PS, que realçou que o candidato tem “uma experiência política única” no concelho e um trabalho autárquico “amplamente elogiado”.
Com esta escolha, o PS quer apresentar-se ao eleitorado como “alternativa credível” ao executivo liderado pelo independente Flávio Massano (Manteigas 2030).
Para Nuno Soares, que esteve filiado no PSD cerca de 30 anos, os dois partidos são atualmente “muito parecidos” em termos de ideais, pelo que a troca “não é assim tão radical que cause estranheza a toda a gente”.
O antigo conselheiro nacional e dirigente distrital e concelhio diz não renegar o passado, mas justificou que não voltaria a ser candidato social-democrata por causa de “algumas pessoas e atitudes” da Comissão Política Distrital da Guarda.
“O PSD traiu os interesses da região quando votou contra a abolição das portagens na A23 e A25. E, após as últimas legislativas, as reuniões da Distrital não eram para falar de projetos políticos e do que o Governo poderia fazer pelo distrito, mas para discutir lugares e tachos”.
Nas próximas autárquicas, o candidato do PS, 50 anos, assume o objetivo de vencer a Câmara de Manteigas.
“Muitos dos projetos com que me apresentei há quatro anos não são assim tão diferentes daqueles que o PS também apresentou. Não há divergência de fundo, o que facilitou a aproximação e chegar a este entendimento”.
Recuperar infraestruturas municipais degradadas pela passagem dos anos, disponibilizar habitação para dar resposta à procura provocada pelos trabalhadores do setor da hotelaria e atrair investimento são as “principais carências” daquele concelho do distrito da Guarda.
“Flávio Massano dá primazia às redes sociais. A minha forma de trabalhar é recatadamente e apresentar trabalhar feito”.
Nas últimas autárquicas, Flávio Massano ganhou com 34,1% dos votos e conseguiu dois mandatos no executivo, tendo governando com maioria relativa.
O PS, cujo histórico dirigente Esmeraldo Carvalhinho se recandidatava à presidência, ficou-se pelos 28,1% e também elegeu dois vereadores.
Já Nuno Soares (PSD) contabilizou 26,7 % e foi eleito para a Câmara. Por sua vez, Célia Morais (“Nós, Cidadãos!”) registou 6,7 e António Santos (CDU) ficou com 1,4% dos votos.