ASE alerta para a construção “dos monstros de betão e ferro” no Açude da Ribeira

Com um custo de cerca de 400 mil euros, o projeto contou com financiamento de 85% de fundos comunitários, no qual foi criado um passadiço/ponte serpenteado sobre a linha de água.

A Associação Cultural Amigos da Serra da Estrela alertou ontem, dia 6 de dezembro, para as consequências a nível ambiental do projeto de “Requalificação da Zona de Lazer do Açude da Ribeira de Ervedal da Beira”, no qual foi criada um passadiço/ponte serpenteado sobre a linha de água.


Esta Associação reivindica que as obras de construção “dos monstros de betão e ferro” no Açude da Ribeira no Vale do Rio Seia sejam “sustadas de imediato, sendo demolidas as estruturas já construídas, que não só destroem irremediavelmente a qualidade da paisagem, como violam pelo menos duas das condições impostas pelo ICNF, sendo substituídas por estruturas mínimas e enquadradas no meio natural”.


Em comunicado, a coletividade acusa “as entidades supostamente fiscalizadoras”, nomeadamente a APA, o ICNF e a CCDR, de se demitirem “das suas responsabilidades, permitindo toda a espécie de atentados ao ambiente que deviam proteger”.


“O Vale do Rio Seia é uma das joias da zona envolvente da Serra da Estrela, cujas margens, devido à ausência de povoações junto ao leito ou estradas paralelas ao mesmo, se encontra em estado próximo do natural e que, apesar de afetado pelos incêndios, nomeadamente de 2017 e deste ano, tem grande potencial de regeneração com espécies maioritariamente autóctones, podendo constituir um exemplo do que deve ser a preservação e recuperação de paisagem natural”, pode ler-se na nota enviada.


A Associação Cultural denuncia ainda a poluição do Rio Seia e das suas margens “com toneladas de ferro e betão”, levada a cabo pela “Câmara de Oliveira do Hospital, com a infeliz colaboração das entidades que tinham a obrigação de fiscalizar”.


A mesma fonte aproveita também para colocar esta estrutura em comparação com os percursos que a Associação recuperou no concelho de Manteigas e no Vale do Rio Bejames (Covilhã).


Nestes locais foi criada uma rede de veredas, nos quais se recuperou e reabilitou antigos caminhos, utilizando apenas material e pedra existentes no local, sem qualquer “impacto visual e paisagístico, não se sobrepondo à paisagem natural, não tendo os custos de construção e manutenção dos passadiços e não sendo combustível”.


Relembre-se que o auto de consignação da empreitada para a “Requalificação da Zona de Lazer do Açude da Ribeira de Ervedal da Beira” foi assinado no dia 8 de novembro de 2021 entre o Município de Oliveira do Hospital e a empresa Pavisteel, Lda.


O projeto consistia, segundo a autarquia, numa “intervenção de natureza paisagística que procura a fruição de uma zona de lazer, em espaço natural, tirando partido do espelho de água e da paisagem característica da zona”.


Com um custo de cerca de 400 mil euros, o projeto contou com financiamento de 85% de fundos comunitários, no qual foi criado um passadiço/ponte serpenteado sobre a linha de água a jusante do açude, trilhos pedonais, uma zona de miradouro e uma pequena zona de estacionamento.


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