Área ardida é dez vezes superior ao ano passado

Último relatório da Autoridade Florestal Nacional… A Guarda é o distrito com mais área ardida do país, sendo já dez vezes superior à do ano passado. De acordo com o último relatório, ainda provisório, da Autoridade Florestal Nacional (AFN), entre 1 de Janeiro e 15 de Outubro deste ano arderam 17.650 hectares, um número que […]

Último relatório da Autoridade Florestal Nacional…

A Guarda é o distrito com mais área ardida do país, sendo já dez vezes superior à do ano passado. De acordo com o último relatório, ainda provisório, da Autoridade Florestal Nacional (AFN), entre 1 de Janeiro e 15 de Outubro deste ano arderam 17.650 hectares, um número que não se registava há muito na região e está bem longe dos 1.700 hectares queimados no ano passado.

Nesse período, houve 464 incêndios florestais e 605 fogachos – cuja área é inferior a um hectare, tendo ardido 11.264 hectares de matos e 6.386 de povoamentos. A Guarda lidera a lista das zonas mais afectadas pelos incêndios este ano, seguida de Vila Real (17.118 hectares) e de Braga (10.605). Segundo o relatório da AFN, divulgado na terça-feira, até à última quinta-feira registaram-se 19 fogos com mais de 100 hectares pelo distrito. O primeiro aconteceu logo a 14 de Março no Marmeleiro (Guarda), tendo ardido 126 hectares. Dois dias depois o cenário repetiu-se em Gouveia, onde foram consumidos 146 hectares. Mas foi nas últimas semanas de Agosto que ocorreram os maiores incêndios do distrito e até do país. No dia 22 desse mês foram pasto das chamas 422 hectares em Pega e 240 no Seixo Amarelo, duas freguesias do concelho da Guarda. Mas nada disto se compara com o que veio a seguir. No dia 30 arderam mais 976 hectares na zona de Vila Franca do Deão, próximo da sede de distrito, enquanto em Sortelha (Sabugal) começava o inferno com um fogo que devorou 7.080 hectares – a maior área registada este ano em Portugal, de acordo com dados oficiais.

As chamas quase que se instalaram na zona raiana, já que a 31 de Agosto arderam 1.053 hectares no Casteleiro e mais 204 em Vale de Espinho. No saldo final, estes três incêndios queimaram uma área de 8.337 hectares de mato, floresta e terrenos agrícolas, com as consequências noticiadas e que levara o Presidente da República a deslocar-se ao local. Mas a data também fica para a história por outros motivos, pois nesse dia eclodiram seis fogos de grandes dimensões que mantiveram os bombeiros ocupados em outros tantos pontos do distrito, tendo dizimado 2.212 hectares. Além do Sabugal, os municípios mais afectados foram a Mêda, com 256 hectares ardidos em Casteição e Outeiro de Gatos, e Trancoso, onde um incêndio na zona de Cótimos queimou 435 hectares. As últimas ocorrências de vulto contabilizadas pela AFN dizem respeito a três fogos no concelho de Gouveia, que consumiram 671 hectares em Ribamondego (5 de Setembro), Figueiró da Serra e Melo/Nabais, estes últimos no passado dia 15. Os registos oficiais indicam que arderam 232 hectares no primeiro caso e 150 no segundo. A AFN adianta também que a grande maioria destas ocorrências ficou a dever-se a negligência ou tiveram origem intencional.

Em termos nacionais, arderam desde o início do ano cerca de 82 mil hectares de floresta e mato, um valor superior ao dos últimos quatro anos. Este número apenas fica atrás dos 338 mil queimados em 2005.

Mais fogos

Os fogos florestais regressaram nos últimos dias ao distrito da Guarda. Na quinta-feira, dois incêndios consumiram mato em Figueiró da Serra e Nabais, no concelho de Gouveia, após terem deflagrado durante a noite.

As chamas, que lavraram em várias frentes, só ficaram controladas ao final da manhã graças à acção de mais de cem bombeiros, apoiados por 26 veículos e três meios aéreos. Segundo o Centro Distrital de Operações e Socorro (CDOS), o vento forte que se fez sentir naquela encosta da Serra da Estrela dificultou o trabalho no terreno. Já na zona de Vila Soeiro/Videmonte o fogo também surgiu durante a madrugada de domingo. O sinistro, que chegou a ter duas frentes activas, progrediu numa área de mato inserida no Parque Natural da Serra da Estrela, mas ficou circunscrito a meio da manhã. Foi combatido por cerca de meia centena de bombeiros, apoiados por uma dezena de veículos operacionais. Na segunda-feira, as chamas deflagraram no concelho da Mêda ao princípio da tarde, tendo progredido com três frentes activas até ser controlado por mais de 30 bombeiros, com a ajuda de nove veículos e de um helicóptero.


Conteúdo Recomendado