Alterações climáticas e mudança energética em debate

Várias organizações vão reunir-se para analisar os problemas relacionados com alterações climáticas, a preparação do país para as novas condições ou a mudança para energias limpas, mas também oportunidades, como a criação de 100 mil empregos.

O 2.º Encontro Nacional pela Justiça Climática, marcado para domingo, em Lisboa, junta oito organizações, de entidades ambientalistas e movimentos locais vindos de vários pontos do país, mas também representantes da Alemanha e de Espanha.

O objetivo é “discutir a questão das alterações climáticas, a necessidade de combate-las e de preparar o país para o novo contexto climático, mas também para a luta que neste momento se encontra no centro desta questão que é a exploração de petróleo e gás” em Portugal, disse à agência Lusa João Camargo, um dos organizadores.

A mudança do sistema energético, com as energias renováveis, as alterações nos padrões de consumo e a criação de, pelo menos, 100 mil postos de trabalho na área do combate às alterações climáticas, a adaptação às mudanças do clima ou as estratégias territoriais para enfrentar temperaturas mais elevadas e menor precipitação são assuntos que vão ter a atenção dos participantes do encontro.

Também terão oportunidade de ouvir as experiências de desobediência civil pela justiça climática de ativistas da alemã Ende Gelände, da Greenpeace-Espanha, do movimento internacional Climate Justice Now e do Corporate Europe Observatory.

Para João Camargo é importante debater os impactos da mudança do clima e a desigualdade na forma como afetam as populações.

“Naturalmente as populações mais frágeis, mais pobres, são aquelas que sofrerão a maior parte dos impactos das alterações climáticas, embora o impacto seja a nível global e signifique uma degradação de todo o contexto”, referiu.

Trata-se também de “falar de muitas respostas, como a criação de empregos climáticos, mudança do sistema energético”, explicou o ambientalista.

Um dos assuntos que mais preocupam estas organizações é a perfuração para prospeção de petróleo e gás autorizada ao largo de Aljezur, na costa algarvia e realçam “não estar disponíveis para desistir desta luta”, prometendo colocar “todos os entraves possíveis” e lembrando que apesar de ter havido rescisão de alguns contratos, faltam muitos.

João Camargo recorda que “todo o litoral do país está concessionado, desde o Porto até Vila Real de Santo António, além das concessões em terra, na Batalha e em Pombal”.

Por isso, o encontro vai discutir estratégias para colocar obstáculos aos processos de exploração de combustíveis fósseis mas também para originar alternativas.

“Se não houver da sociedade civil propostas muito concretas, tememos que possa ser uma sucessão de decisões erradas como foi aquela de dar concessões de petróleo e gás”, salientou João Camargo.

O encontro é promovido por movimentos como Climáximo, Alentejo Litoral pelo Ambiente, Peniche Livre de Petróleo, Plataforma Algarve Livre de Petróleo e Plataforma Não ao Tratado Transatlântico, pela Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, pela associação Sistema Terrestre Sustentável – Zero, pelo GAIA — Grupo de Ação e Intervenção Ambiental e pelo Sindicato dos Professores do Norte.


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