O projeto vai ser dinamizado pelo movimento “Vamos ajudar a renascer Folgosinho!”, que surgiu nesta aldeia da Serra da Estrela após os incêndios de domingo e de segunda-feira.
“Passadas poucas horas da tragédia que varreu a zona Centro do país, em plena encosta norte da Serra da Estrela, no concelho de Gouveia, a aldeia de Folgosinho mobilizou-se para tomar medidas de apoio à população e para criar soluções de futuro, para que não mais venha a ser vítima deste tipo de calamidades”, refere Rita Brazete, representante do movimento.
Segundo a responsável, a criação de uma associação sem fins lucrativos, para defesa da floresta, será discutida no dia 28, durante a realização de um plenário popular marcado para as 21 horas, para o salão de festas de Folgosinho.
Os promotores pretendem que a futura coletividade “se afirme como interlocutora credível na área da preservação da floresta e da natureza”.
A associação terá como objetivos “a proteção da floresta e da natureza da área administrativa da freguesia, a captação de meios e auxílios disponíveis no país (ao nível institucional e empresarial) e a interação com as diversas entidades ligadas à gestão da floresta e ao ordenamento do território, em ordem a prover uma nova realidade rural e florestal em Folgosinho”.
Rita Brazete, representante do movimento “Vamos ajudar a renascer Folgosinho!”, sublinha ainda que a criação da associação de defesa da floresta “é uma iniciativa espontânea e local, que prova que o interior ainda está vivo e que exige o seu lugar no país, designadamente no que respeita à proteção e segurança das suas populações”.
As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 43 mortos e cerca de 70 feridos, mais de uma dezena dos quais graves.
Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas, sobretudo nas regiões Norte e Centro.
Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, em junho, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 mortos e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.