AENEBEIRA considera que confinamento vai acabar com “pequenos negócios”

O presidente da Associação Empresarial do Nordeste da Beira (AENEBEIRA), com sede em Trancoso, Guarda, alertou hoje que o novo confinamento poderá acabar com os pequenos comerciantes daquela região do interior do país.

Segundo Tomás Martins, com o novo confinamento ocorrerá “o encerramento definitivo de uma série de pequenos negócios” que “não estão na origem de nenhum foco de contágio” por covid-19.

“O pequeno comércio que tem a porta para a rua, que é o chamado comércio tradicional, não contribui nada para o aumento do contágio. Nós verificamos que no interior do país grande parte dos focos de contágio tiveram origem em pessoas oriundas das regiões de Lisboa, Porto, Coimbra e algumas do estrangeiro”, disse hoje à agência Lusa o presidente da AENEBEIRA.

O responsável apontou que as regiões do interior, como a área do Nordeste da Beira, que abarca concelhos dos distritos da Guarda e de Viseu, estão em “’confinamento’ há mais de 40 anos” e as medidas decididas pelo Governo para travar a pandemia “só vêm contribuir para agravar o problema de falta de atividade comercial”.

O decreto do Governo que regulamenta o novo estado de emergência devido à pandemia da covid-19, em vigor entre as 00:00 de sexta-feira e as 23:59 de 30 de janeiro, determina o encerramento de espaços e estabelecimentos comerciais.

Tomás Martins vaticina que a atividade comercial da região será mais uma vez condicionada “porque se olha o todo e não se entende aquilo que é a parte”.

“Quando se fala do interior nós não temos problemas de densidade populacional. Numa loja do comércio tradicional em Trancoso, em Aguiar da Beira, em Figueira de Castelo Rodrigo ou em Pinhel, entram por dia quatro a cinco pessoas. Não entram milhares de pessoas e, muito menos estão lá 100 pessoas ao mesmo tempo”, justifica.

Na opinião do dirigente da AENEBEIRA a decisão do Governo de fechar os comércios durante o novo período de confinamento irá “acabar com aqueles que têm resistido e têm tentado resistir” à crise, porque “são pequenas unidades de negócio que vão acabar por fechar” as portas definitivamente.

Disse ainda que “aquilo que seria expectável” era que o Governo definisse que a partir das 18:00 haveria confinamento geral para todo o país e o comércio tivesse um funcionamento normal e, ao fim de semana, que o confinamento fosse até às 05:00 de segunda-feira.

“Eu até aceitava isso. Agora, aquilo que estão a fazer é acabar connosco. Para o interior isto é o golpe final. [Os pequenos comerciantes] não vão resistir, de certeza, até porque os apoios não têm passado de meras intenções”, concluiu Tomás Martins.

A AENEBEIRA tem sede na cidade de Trancoso e possui cerca de 1.300 associados nos concelhos de Trancoso, Mêda, Vila Nova de Foz Côa, Figueira de Castelo Rodrigo, Almeida, Pinhel, Celorico da Beira, Fornos de Algodres e Aguiar da Beira (distrito da Guarda) e de Sernancelhe e Penedono (distrito de Viseu).

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.979.596 mortos resultantes de mais de 92,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 8.384 pessoas dos 517.806 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.


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