Foi a primeira vez que alguns candidatos a dar aulas – os professores contratados com menos de cinco anos de serviço – foram submetidos a um teste que avalia competências como o raciocínio lógico, resolução de problemas, interpretação de textos e escrita. A maioria passou na prova (85%), mas houve 1473 que não conseguiram chegar ao patamar mínimo dos 50%. Estes candidatos à docência estão impedidos de participar no concurso de professores deste ano. A média obtida pelos 10.220 que a realizaram, logo em dezembro e os que a repetiram em julho por causa dos protestos do final do ano passado, ficou nos 63%. Os resultados na Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades (PACC) foram divulgados esta segunda-feira pelo Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), responsável pela organização deste exame. No site apenas constam os nomes dos 8747 aprovados. Além dos 15% de candidatos que chumbaram na prova, houve outros tantos que passaram à justa, já que tiveram entre 50% e 59%. E apenas uma minoria ((4,2%) conseguiu uma pontuação acima dos 90%. Em comunicado, o Ministério da Educação (ME) volta a afirmar a importância de uma avaliação como esta, muito contestada desde o início. “O domínio de capacidades básicas tais como o raciocínio lógico e a capacidade de comunicação em língua portuguesa são transversais a todas as disciplinas e devem sê-lo também a todos os professores. Para garantir a qualidade do ensino dos nossos alunos, é importante que os professores a selecionar e recrutar demonstrem o domínio dessas capacidades básicas”, justifica a tutela.
Poucas hipóteses de colocação
Mas a verdade é que mesmo os que passaram na prova e mostraram ter estas competências, dificilmente conseguirão dar aulas no próximo ano letivo. No concurso do ano passado, menos de 300 docentes com menos de cinco anos de serviço (e os que têm obrigatoriamente de realizar a PACC) conseguiram renovar o contrato ou ser chamados até 15 de setembro. Ou seja, se os valores de 2013 se repetirem, apenas 3% dos mais de 10 mil candidatos testados serão chamados pelo Ministério da Educação. Este ano, os candidatos fizeram apenas a prova geral, já que o ME abdicou da componente específica relativa às disciplinas a que cada professor concorre. A batalha jurídica entre Ministério e sindicatos arrastou-se e a tutela decidiu assim acelerar o processo, de forma a que os resultados na PACC sejam tidos em conta no concurso de professores que já se iniciou. Quanto aos candidatos da única escola onde a PACC não se realizou, serão aceites nos concursos deste ano, mas terão de realizar a prova na próxima edição. “As demais situações serão analisadas caso a caso pelo Júri Nacional da Prova”, anuncia ainda o ME.
15% dão muitos erros
Um dos exercícios que os candidatos à docência tiveram de realizar consistia na redação de um texto, com 250 a 350 palavras a propósito de uma tema sugerido. A pontuação média neste item foi de 10,8 pontos em 20 possíveis, sendo que um quinto dos professores mostraram ter bastantes dificuldades na redação e tiveram menos de quatro pontos. Os erros ortográficos, de pontuação ou de sintaxe penalizavam as respostas. De acordo com a análise do IAVE, 37% dos professores não cometeram qualquer erro ortográfico e outros 30% apenas um ou dois. Mas houve 15% que chegaram a cometer cinco ou mais erros. No capítulo da pontuação as dificuldades foram ainda maiores.