Infelizmente, a mesma é pouco conhecida, explorada e frequentada por a maioria da população. As bibliotecas sempre foram apreciadas, ainda que muitas vezes de uma forma epidérmica, como emblemas de equilíbrio, comedimento persistência, harmonia e tenacidade. Será que as bibliotecas não podem e devem ser consideradas locais pródigos em conhecimento, informação, erudição, meditação e observação?
As novas tecnologias foram lapidando, ainda que de um modo vagaroso e irregular, as bibliotecas ao longo dos tempos. Actualmente as metamorfoses tecnológicas que indumentam as bibliotecas têm sido mais céleres e cirúrgicas, ou seja, têm um campo de acção superior num cada vez menor espaço de tempo. Incertezas, perplexidades, transições e deliberações quanto ao equipamento hardware e software a adquirir fazem parte do quotidiano das bibliotecas contemporâneas. As bibliotecas vivem uma conjuntura de indagação, de averiguação e de especulação, e, eventualmente, podem passar de uma organização completamente associada ao material impresso e palpável para outra disposição, na qual a maioria da “matéria-prima” será depositada e acondicionada segundo as directrizes de um paradigma digital que acolhe a criação, a aquisição, a arrumação e a disseminação de documentos sob o “espectro” electrónico. Portanto, a biblioteca digital, também denominada virtual ou electrónica, tem adjacente um novo conceito e um novo arquétipo para o armazenamento, conservação e divulgação da informação, uma vez que a localização geográfica ou o horário de funcionamento deixaram de ter tanta relevância.
Desta forma, e tendo em conta as enormes contrariedades financeiras que habitualmente as bibliotecas enfrentam, as modernas tecnologias foram sendo, ainda que em moldes vagarosos e inconstantes, adicionadas às vivacidades e laborações das bibliotecas, fomentando transformações nos procedimentos internos e nas próprias configurações de ministrar produtos e serviços aos leitores. As novas tecnologias e a sociedade da informação facultam a diversificação da leitura e, conjuntamente, representam um renovado repto, pois se por um lado lhe conservam a chama e a sedução, por outro revolucionam os próprios “semblantes” de leitura. A tecnologia pode ser empregue para substituir o livro “corpóreo”, mas paralelamente também pode colaborar na complementaridade da leitura e no reforço dos hábitos antigos.
Nos países menos desenvolvidos a aproximação aos recursos bibliográficos, por parte da população, sempre foi um processo complicado, uma vez que a mesma ainda convive com inúmeros enigmas sociais, políticos, culturais e económicos. A verdade é que os mecanismos tradicionais de arrumação e distribuição foram falhando redondamente ao longo dos tempos. Logo, esta amarga conjuntura representa um enorme desafio para a população mundial. A biblioteca digital, apesar dos custos que acarreta e das dificuldades existentes no acesso aos meios e técnicas digitais, afigura-se como uma cintilante alternativa para esses países.
A biblioteca digital é uma porta aberta para o universo, para o global, constituindo uma “provocação” e uma “incitação” excepcional e inigualável para os profissionais da informação, uma vez que, e mais do que nunca, é extremamente vital proceder à regularização, estruturação e classificação de conteúdos, para que através de uma palavra-chave se encontre aquilo que se indaga.
Os profissionais das bibliotecas, para desempenhar a sua função de uma forma abrangente, competente e coerente, têm que reconhecer, conhecer e adoptar essas transformações. O bibliotecário manterá o compromisso e a responsabilidade de adestrar e sensibilizar os utentes para os novos procedimentos e, simultaneamente, encaminhá-los para uma utilização conveniente, idónea e vantajosa dos dissemelhantes “expedientes” de informação existentes numa biblioteca.