Ser cidadão significa estar vigilante aos problemas do mundo e dar o nosso contributo para a resolução dos mesmos.

Os artigos de opinião apelam à reunião da razão, da emoção e da meditação. Quem os escreve palmilha a cidade, a região, o País e o mundo. Aquilo que verdadeiramente cativa e estimula o leitor é o ponto de vista, a cogitação e a independência do autor.


Os artigos de opinião acolhem fragrâncias de apreciação e crítica em relação ao presente, podendo, conjuntamente, também abrigar uma exterioridade pessimista. Não é seguramente legítimo, por parte de quem os escreve, que se “publique” constantemente um futuro renovado e substancialmente melhor, uma vez que corre o risco de se confundir com modelos de âmago propagandista e publicista, ou mesmo com a “pregação” política.


O artigo de opinião desfila como uma espécie de compromisso, no qual não existem mediadores, autores subentendidos, opiniões indulgentes, opiniões pérfidas e narradores, uma vez que se trata de um texto autenticado por um olhar que contempla o “convívio” social e os ruídos do território. A liberdade, inerente aos artigos de opinião, proporciona o envolvimento do autor em diversos caminhos, sem que para isso exista a necessidade de o mesmo se inquietar com os destinos que escolhe nesses próprios “itinerários”. Neste contexto, podemos asseverar que nos artigos de opinião não há um “testemunho” sem semblante, mas sim o “testemunho” de uma pessoa real.


Os artigos de opinião também constituem um mecanismo importante para “afinar” a população, acompanhar o progresso e questionar as decisões políticas, económicas, sociais, religiosas e culturais de um determinado território. O conceito de cidadania pode ser interpretado como um conjunto de direitos civis, sociais e políticos que logicamente pode ser avigorado ou desconceituado. Na sociedade actual, indumentada pela “apropriação” de informação, a necessidade dos cidadãos se sentirem bem informados deve ser considerada básica.


Ser cidadão significa estar vigilante aos problemas do mundo e dar o nosso contributo para a resolução dos mesmos. Somente um cidadão atento, exigente e informado consegue fazer escolhas conscientes e verdadeiramente livres. A sua intervenção cívica jamais se deve circunscrever ao simples exercício do direito de eleger e ser eleito, devendo agasalhar a possibilidade efectiva de influenciar a tomada de decisões dos órgãos autárquicos do seu Concelho, assim como de ter cabimentos e oportunidades para manifestar as suas ideias com seriedade e rigor, respeitando sempre os direitos dos outros.


É fundamental distinguir o vassalo do cidadão. Enquanto o primeiro obedece ao poder instituído, o segundo tem a noção de que hospeda poder e capacidade para metamorfosear a “vida” de uma aldeia, vila ou cidade. A participação de todos os cidadãos é capital para melhorar o funcionamento da sociedade e alcançar contextos volumosos de desenvolvimento social e humano. Os cidadãos devem exigir permanentemente um futuro melhor e, simultaneamente, ajudar a construir esse próprio futuro. O cidadão, ao contrário do vassalo, é aquele que não desiste, desprezando as distinções, as conveniências e as prerrogativas. O cidadão, ao contrário do vassalo, é a demonstração cabal de que existem outros caminhos.


Um cidadão participativo acaba por ter a consciência de que as transformações na vida das populações apenas acontecem com muita luta, sentimento de pertença e abnegação, não sendo necessário fazer parte de qualquer Movimento. De realçar que a democracia necessita de uma meditação crítica sobre o próprio sistema político que a instrumentaliza, tendo como alicerce a ideia de que a reabilitação política requer uma participação dos cidadãos cada vez mais veemente, consciente, criteriosa e exigente. Será que não é importante estabelecer arquétipos de qualidade, de verdade, de perspicuidade e de rigor na cultura política e no desempenho dos políticos? Será que um Concelho mais democrático, com os cidadãos a terem um papel activo nas decisões da vida política e pública, assim como a fiscalizarem a actuação governativa não é fundamental para o desenvolvimento? Todos somos nós!