O funcionamento laboral humano nas organizações tem logrado a atenção e a ponderação de inúmeros académicos, sempre na expectativa de compreender os agentes e os mecanismos que influenciam o desempenho, a competência e a eficiência dos indivíduos em contexto de trabalho.
Autonomamente à polémica que aquece o debate sobre os efectivos motivos pelos quais assistimos a contemporânea dilatação da superfície da economia solidária, a verdade é que as organizações sociais se desenvolvem e difundem velozmente. Neste sentido, podemos afirmar que os edificadores e planeadores do conhecimento organizacional agasalham o repto de contextualizar e decifrar os perímetros desse fenómeno. Será que as organizações, definidas como pertencentes à economia solidária, têm maior ligação com o Estado ou com o mercado?
No cabimento da economia solidária e das organizações sociais existe uma insuficiência de critérios de significação, uma volumosa extensão acerca do modo de constituição político-jurídica dessas organizações, assim como uma desordenada, confusa e densa terminologia. A extensa nomenclatura compreende: a economia solidária; a economia social; as organizações sem-fins-lucrativos; as organizações não-governamentais; as organizações sociais; e as organizações voluntárias.
Não existem Governos, em superfície capitalista, que procurem assumir isolados o compromisso de dar resposta às reivindicações e necessidades sociais concebidas pelo próprio sistema. O sector voluntário conquistou importância e pertinência quando os Governos determinaram reduzir a oferta de subsídios; estimular financeiramente os cidadãos a adquirirem serviços sociais; diminuir os abastecimentos directos; e transplantar responsabilidades do Estado para entidades patronais e sectores não comerciais. Será que existe supremacia da sociedade em relação ao Estado? Será que existe hegemonia do Estado sobre a sociedade? Qual é a “entidade” submissa? Qual é a “entidade” independente? Qual é o espaço anárquico do mercado? Qual é o espaço regulado pela democracia? Será que os encadeamentos entre a superfície mercantil e as organizações voluntárias são sempre de parceria ou de proximidade?
As organizações voluntárias desfrutam, na esmagadora maioria das vezes, de desobrigações fiscais e de apoios financeiros por parte do Estado, sendo vulgarmente contempladas pelas instituições que “comercializam” a política social como concorrentes singularizadas e privilegiadas. Será que o sector voluntário, em algumas ocasiões, não preserva correspondências contraditórias com o Estado? Será que essas conexões problemáticas somente acontecem com o Estado?
Muitas das organizações voluntárias estão sujeitas ao auxílio do sector comercial não só através da configuração de patrocínio, como também de modo indirecto, por meio da venda de bens e serviços no mercado. De realçar que múltiplas instituições voluntárias, ainda que de superior “tonelagem”, contratam colaboradores especializados para aliciar patrocinadores empresariais. Em determinadas circunstâncias observamos a acomodação de autênticos estabelecimentos comerciais para a venda de produtos, bem como para o aperfeiçoamento de intervenções que visam a expugnação de nichos de mercado. Será que este procedimento não pode ser confundido com o dos actores comerciais? Será que o reconhecimento da contextura e da função do sector voluntário não deve incluir uma percepção mais desafogada, abrangente e intrincada acerca do conforto e da tranquilidade social, que envolva a economia, a ética e a política, bem como os direitos humanos e os reptos de cidadania? Será que o sector voluntário não deve ser alvo de vigilância e de fiscalização?