A criminalidade baixou em Portugal no ano passado, de acordo com os dados provisórios divulgados há pouco tempo pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Albufeira, no Algarve, e Lisboa, a capital, são os campeões da criminalidade. No interior beirão é a Idanha-a-Nova que ostenta esse título pouco honroso, seguido de Penamacor, Belmonte e Almeida. Entre os maais seguros estão Manteigas, Trancoso, Gouveia e Sabugal. Nesta componente da qualidade de vida ‘tout court’, o fiel da balança tende para o lado do Interior…
Portugal é um país de brandos costumes e também de pouca criminalidade quando comparada com outros países como o Brasil e muitos outros. Por isso muitos dos habitantes desses países nos procuram e por cá querem comprar casa e viver. Mas também por cá há muito crime. As televisões e imprensa em geral relatam-nos todos os dias. Contudo, a criminalidade violenta e grave apresenta uma trajetória descendente: diminuiu 42,5% nos últimos dez anos. Também a criminalidade total desceu para 32,4 crimes por mil habitantes (32.4‰) no ano passado, contra 33,2‰ em 2017. Mas acima dos valores de 2016 que atingiram 32,1‰.
Igual tendência decrescente de criminalidade também se verificou nos municípios portugueses que apresentam as taxas mais elevadas do país: em Lisboa baixou para 75,6‰ e em Albufeira desceu para 76,9‰. Este município algarvio continua a ser o que apresenta a taxa mais elevada em Portugal, ainda assim bem abaixo dos valores registados há alguns anos (em 2011 superava os 100‰). A região do Algarve destaca-se pelos índices de criminalidade mais elevados, o que se explica pelo turismo, que atrai e traz à região muitos pessoas de fora, o que faz disparar essa taxa. O mesmo fenómeno e suas causas deverá ocorrer e explicar também as taxas mais elevadas que se verificam nos municípios de Lisboa e arredores.
Mais difícil de entender e explicar são algumas taxas de criminalidade mais altas que se registam em municípios do interior profundo como Campo Maior, Idanha-a-Nova, Ferreira do Alentejo, Valença, Almeida, Penamacor, Belmonte e outras (mas felizmente poucas).
O crime predominante em Portugal é o crime por furto (que atingiu o número de 78287 em 2017). Vêm depois os assaltos (22873 ocorrências), os roubos (11885 em 2017, mas 14322 em 1994), os crimes ligados a drogas (6481 e 4513 em 2017 e 1994, respetivamente), a violência sexual 2538, as agressões 584, os sequestros 292 e por fim os homicídios (com 76 em 2017 e 143 em 1994).
Criminalidade nos Municípios do Interior Beirão
O município com mais crimes na região interior é a de Idanha-a-Nova com 42.7 por mil habitantes em 2017 (em 1º lugar, o menos seguro), vem depois Almeida com 37‰ (2º), Penamacor 35.4‰ (3º), Belmonte 34.7‰ (4º), V.N.F. Coa 34.4‰ (5º), C. Beira 32.4‰ (6º), Seia 32.3‰ (7º), F. C. Rodrigo 29.5‰ (8º), Fundão 27.7‰ (9º), V. V. Ródão 25.3‰ (10º), Castelo Branco 25.3‰ (11º), Pinhel 24.5‰ (12º), Guarda 24.5‰ (13º), Covilhã 24.3‰ (14º), Oleiros 23.2‰ (25º), Mêda 21.8‰ (16º), Sertã 21.4‰ (17º), Sabugal 20.1‰ (18º), Gouveia 20‰ (19º), Trancoso 19‰ (20º) e Manteigas 13.6‰ (21º, o mais seguro).
Daqui se vê que entre as principais cidades da Beira Interior (Guarda, Castelo Branco, Covilhã, Seia, Fundão e Gouveia), Seia é a menos segura, seguida, por ordem decrescente, do Fundão, de Castelo Branco, da Guarda, da Covilhã e de Gouveia. Mas as diferenças são pouco significativas e todas um pouco abaixo dos valores apesentados pelas principais cidades da Região Centro como Aveiro, Coimbra e Viseu.
De registar que entre os municípios mais seguros estão alguns do distrito da Guarda como o Sabugal, Gouveia, Trancoso e Manteigas, todos deste Distrito, e que entre os menos seguros temos a Idanha a Nova, possivelmente por causa do Boom Festival que atrai muitos estrangeiros, alguns deles consumidores de droga e talvez por isso com mais apetência para cometer crimes, do distrito de Castelo Branco, seguido de Almeida, este já do distrito da Guarda, certamente por causa da fronteira de Vilar Formoso e das pessoas que por ali passam, estrangeiros ou não, drogas e outros produtos ilegais, seguidos de Penamacor, Belmonte e Vila Nova de Foz Côa. Mas nestes casos não encontramos uma justificação logica para explicar estes valores…
Seria interessante ver quais os principais crimes cometidos nos diversos municípios do interior. Contudo, até este momento, não foi possível obter a criminalidade discriminada por tipo de crime e por municípios, discriminação que o Eurostat nos dá mas repartida pelos seus países-membros.
Refira-se para efeitos comparativos, que Lisboa tem 75.6 crimes por mil habitantes, que Aveiro tem 34.1‰, que Coimbra tem 30.7‰ e que Viseu tem 26.8‰. Nalguma coisa o interior teria que ter vantagem em relação ao litoral: e em termos de crimes a diferença entre ambas as localizações (litoral versus interior) é abissal com o interior a ficar bem melhor na fotografia. Felizmente.