A arte não dispensa as etapas de planificação, realização e avaliação do trabalho, assim como as estratégias de captação de recursos, tomada de decisões difíceis, acções de comunicação, prestação de contas e análise do impacto social.

A arte necessita de um processo de aperfeiçoamento pertinaz que felizmente está fora do imediatismo comercial e somente conquista resultados de sublimidade ao fim de um longo período de tempo.
As Oficinas de Escrita, sendo um verdadeiro estímulo à acção cultural compreendida como processo, ajudam-nos a cumprir a nossa identidade e a fugir à escravatura contemporânea. São espaços de conhecimento que perfilham o equilíbrio, protegem as nossas memórias, promovem o diálogo, despertam a reflexão e abraçam a imaginação. Os textos germinam da inquietude, do desassossego, do conhecimento, da meditação, da capacidade de criar e do verdadeiro “sentimento de pertença”. As Oficinas de Escrita melhoram a qualidade de vida dos participantes, ficando, os mesmos, certamente melhor preparados para novos reptos. Na realidade, e no âmago das Oficinas, respiramos, compreendemos, meditamos, acreditamos, crescemos, bebemos erudição, soltamos o riso e o grito, abandonamos o açaime e erigimos o nosso interior.

Os espaços de cultura têm forçosamente que estar atentos às metamorfoses sociais, às necessidades colectivas e às novas manifestações culturais. As Oficinas de Escrita fomentam a aprendizagem, fortalecem os vínculos sociais, promovem a criatividade e estrangulam o hiato cultural entre os grupos sociais, discriminando, sucessivamente, as configurações imaleáveis e obscenas intrínsecas às prescrições do mercado de consumo. A cultura de massa, apenas com a finalidade do consumo e do lucro, não se identifica com as Oficinas de Escrita. Ainda bem que assim é!
As Oficinas de Escrita promovem as capacidades criativas individuais e colectivas dos participantes, as competências pessoais e de interacção em grupo, sendo potenciadoras de novas experiências emocionais e artísticas. São espaços libertadores de sentimentos e de reminiscências que combatem a “sociedade descartável” que teima em amamentar a trivialidade, a aparência, os chavões e os estereótipos.
É seguramente importante estimular a inclusão social de todos, assim como melhorar a qualidade de vida das pessoas e dos grupos através de práticas artísticas. Uma cidade verdadeiramente inclusiva e educadora tem um conjunto de iniciativas de intervenção social, através da arte, junto de crianças e jovens, reclusos, pessoas portadoras de deficiência e cidadãos com problemas de saúde mental. A inclusão, a reflexão, o pensamento crítico, a valorização da diversidade cultural, o aperfeiçoamento das capacidades cognitivas e sociais, a ligação à literacia, a amputação dos preconceitos e a diminuição da discriminação em relação às pessoas mais vulneráveis constituem condições que devem ser permanentemente avigoradas.

Nas Oficinas de Escrita, viajamos, corremos, saltamos, rimos, aplaudimos, caímos, levantamo-nos e trabalhamos. Aquilo que realmente é importante neste tipo de projectos é o processo.
Os livros individuais e colectivos, fruto das Oficinas de Escrita, permitem aos autores descobrir a escrita como uma forma de ver o mundo, de se ver no mundo, de se perceber, de compreender o outro, de compreender a sua relação com o outro, de se respeitar e de respeitar o outro. A escrita é um mecanismo que facilita e proporciona o entendimento dos espaços, aceitando as diferentes ideias, sonhos, propósitos, “paladares” e interpretações do mundo. Será que a escrita, em determinadas ocasiões, não apresenta uma imagem ou um reflexo da sociedade que a própria sociedade se nega a aceitar?