Quem é contra o aumento? – Ninguém. Porque alguns estão receosos? – Porque têm medo que resulte em mais desemprego.
As empresas por cada salário mínimo que pagam, têm de pagar mais para descontos obrigatórios (TSU), seguros e custos de contexto da empresa a distribuir por cada posto de trabalho.
Com salários baixos a produtividade não aumenta e com fraca produtividade como vamos aumentar salários?!
Se o Governo quer incentivar a subida sem aumentar o risco de desemprego, tem de fazer a sua parte e oferecer melhores condições para o bom ambiente de trabalho. Tem de facilitar a vida às empresas, começando por diminuir a burocracia, aumentar os prazos de validade da documentação e das licenças, e tornar mais competitivos os custos de contexto, sejam fiscais, taxas, custos da energia, de comunicações ou com portagens.
A subida da remuneração mínima é uma grande medida, talvez das melhores para a redistribuição de rendimento e contribui para a estabilidade do consumo interno. Mas, se desacompanhada de medidas de sinal positivo para as empresas que o vão suportar, ditará desemprego para muitos e necessária reorganização das empresas, com vista a não aumentar os custos totais com a componente trabalho.
Se vão pagar mais, vão exigir mais produtividade. Não chega apenas aumentar por decreto o salário mínimo. É necessário dar sinais de que as empresas poderão suportar os aumentos.
O nosso maior problema nesta matéria de salários é até outro: as diferenças salariais entre o topo e a base das organizações, sejam públicas ou privadas. Em Portugal é elevada esta diferença. Muito elevada; e tem-se agravado. Poderia aqui dar exemplos de aumentos salariais para quem já está no topo, não acompanhados por medidas iguais para quem aufere salários mais baixos; e a questão não é ideológica, creio. Já vi governos de direita limitar os salários mais altos e já vi governos de esquerda aumentar o fosso entre quem ganha mais e menos nas organizações…