Dizia um professor meu, que após eleitos, os governos de direita governavam à esquerda e os de esquerda governavam à direita.
Faziam-no para aumentarem a sua base de apoio com vista às eleições seguintes.
De fato, recordo-me das políticas sociais do governo de Cavaco Silva, dos incentivos empresariais do governo de Sócrates, da proteção social e investimento público do governo de Passos e das contas certas do Governo de Costa.
Em boa verdade, as ideologias não têm bitolas estanques e muitos são os pontos de interceção entre esquerda e direita…
Por isso quando votamos, sabemos que venha quem vier não fará assim tão grande diferença. As coisas não têm forçosamente de mudar assim tanto e também não mudam tanto quanto gostaríamos. Há interesses ou motivações que garantem que tudo, ou quase, vai continuar na mesma, independentemente do resultado.
Nas últimas eleições (2015), por exemplo, ganhou um partido de direita – o PSD – mas haveria de ser um partido de esquerda a governar. E que diferenças houve efetivamente:
1. Baixou o investimento público (algo impensável para um governo de esquerda);
2. Subiram os impostos (algo que todos os governos fizeram desde que vivemos em democracia, sejam de esquerda ou de direita);
3. Manteve-se a liberdade de circulação de pessoas e de capitais com grande ênfase para os vistos gold (que a esquerda antes criticava);
4. Lutou-se pela atração de capital estrangeiro, mostrando a estabilidade e a segurança do país (como os governos de direita sempre fazem).
Portugal enquanto economia aberta está muito dependente do que acontecer lá fora. Por isso, venha quem vier, não será muito diferente, mas apesar de tudo, se houver estabilidade política tanto melhor. Deveríamos até pensar em elevar os mandatos autárquicos e de governo para 5 anos, em honra a essa estabilidade e, ao mesmo tempo, criar condições de rápida substituição de governo em caso de eleições antecipadas, regressando-se à normalidade quanto mais depressa melhor.