Convocar figuras medíocres, promovendo-as como sendo de elevado nível. Pessoas de confiança que cumprem empreitadas periféricas.

Rir muito, rir por tudo e por nada. Gente “valente” que não detém a risada. Dissertações demagógicas. Pertencer a bandos e feitiçaria barata. Massa crítica inexistente e sentimento de pertença contrafeito. Cobardes diplomados, a sensação de vazio. Pandilhas sequiosas actuam em palcos pálidos. A melancolia proveniente da separação e colocar em causa a memória colectiva. Os que estão dentro e fora do bardo, e os cães de fila. Clientelas sedentas e os pensadores sem destreza. Assassinar a liberdade criativa e a pobreza do discurso. Mãos cheias de nada e a tese da frustração. A cultura de compadrio e os jogos viciados. Vendedores de ilusões que instrumentalizam crianças, jovens e idosos. Rotular comportamentos e censurar posições individuais. O erário público que promove alguns empreendedores. Protagonistas ornamentais, perversos e execráveis. Os que calculam e se mascaram. A hipocrisia e os gabinetes de veludo. A indecorosa colonização cultural e a distante intervenção social. Futuro penhorado, gelado e algemado. Janelos, tectos baixos, portas de madeira quebradiça, espantalhos e trajes enfermos. Corsários de alto-mar, cabecilhas da quadrilha e os donos da alcateia. Acções sombrias, tempo dos oportunistas e aduladores. Ruas silenciosas e a caminhada das ratazanas. O debate adiado, os demitidos e os pilares da cepa torta. Aqueles que pactuam enquanto der. Os que se compram e se vendem. Sonhos por sublinhar e evitar a competência. Novos artistas que teimam em não aparecer. Disseminar opacidade e encapotar as verbas avultadas. Preservar a penumbra, os vultos entre as cortinas e os territórios dos obséquios. Os campos do conhecimento que ficam por articular. Gatilho já amarrado, livros a arder e galerias sem arte. Os diálogos persistentes são uma miragem. As canções descompassadas e as paisagens embaçadas. Abraçar o que não tem perdão. Dúbias referências temporais e espaciais. Artérias que escureceram e pinturas inacabadas. Rugas salientes e palavras presas. Rios de margens brandas, conjuntura cáustica. Vaidades feitas de lodo. Os farsantes desenham o labirinto. O ilusionismo social que promove os vampiros com pés de veludo. Confundir amor com pornografia. Lágrimas que caem e os golpes de espadachim, triste entretenimento. Sombras ocas e as noites sem madrugada. Crepitam açoites e as molduras do inanimado. As sombras pérfidas dos abrigos e a lividez dos dias. O conformismo que fortalece os malfeitores. O medo que vulgariza os olhares desabitados. Verbos-de-encher e os dúbios privilégios. Beijos breves e as estratégias contrafeitas. Intérpretes decorativos. Ligeira alteração a um verso do poema “Porque”, da autora Sophia de Mello Breyner Andresen: “Porque os outros se calam mas alguns não”.