Estão criadas todas as condições para um verdadeiro sobe e desce nas cotações dos títulos, com muita especulação, muitos ataques, muitas indecisões, muito frenesim, grandes perdas e algumas subidas esporádicas.

Já aqui o dissemos e agora reiteramo-lo: a volatilidade vai marcar 2010 em termos bolsistas. Estão criadas todas as condições para um verdadeiro sobe e desce nas cotações dos títulos, com muita especulação, muitos ataques, muitas indecisões, muito frenesim, grandes perdas e algumas subidas esporádicas. Para se ganhar dinheiro vai ser necessário estar mais atento do que nunca. Hoje, por exemplo, registou-se uma subida daquelas inimagináveis, porventura a maior subida de sempre num só dia, com o PSI 20 a valorizar mais de 10%, qualquer coisa como 5,3 mil milhões de euros.Ainda assim, esta subida – que amanhã veremos se tem sustentabilidade ou se regressa a volatilidade –, não chega para anular metade dos prejuízos (menos-valias) acumulados só este ano, para a maior parte dos pequenos investidores. Desde Janeiro a Bolsa está a perder 13,3% do seu valor.

O “disparar” da Bolsa de hoje teve lugar em toda a Europa, após determinação da União Europeia em pressionar os Estados-membros a reforçarem medidas de austeridade, agravamento fiscal, diminuição dos défices e, sobretudo, pela criação de um Megafundo de 750 mil milhões de euros, para lutar contra a especulação contra o Euro. Por cá, há quem ligue a subida da Bolsa à melhoria do cenário económico, marcado pelo adiar de algumas das grandes obras (TGV e Aeroporto), havendo também quem faça a ligação com a vitória do Benfica no campeonato [risos], ou mesmo com a visita do Papa ao nosso país. Com este último pretexto, e as muitas tolerâncias de ponto anunciadas – e, quanto a nós, excessivas – será certo que o necessário aumento da produtividade será uma vez mais adiado, e logo numa altura em que se precisam sinais de sinal contrário.

Volatilidade vai pois ser o conceito que os investidores mais vão ter em conta nos próximos tempos, mas também, com um Governo a dizer que não aumenta impostos numa semana e a aumentá-los efectivamente na semana seguinte, com um governo a insistir reiteradamente no lançamento das grandes obras para logo a seguir se ficar por “meio-TGV” (nas palavras da ex-Secretária de Estado dos transportes), adiando as grandes obras e investimentos públicos – os tais que nos tirariam da crise –, com um governo a debitar tantas indecisões governativas quantos os estados de alma do Primeiro-Ministro, o que poderíamos esperar dos mercados?!