Na mensagem de Ano Novo, o Presidente da República referiu-se à actual situação do País como sendo explosiva. Falava da situação económica? Também! Pois não deixou de evidenciar a crise de valores da nossa sociedade e alguns sinais de ingovernabilidade. Já o ex-Presidente Mário Soares, referiu-se ao «défice assustador» com preocupação e o Governo parece não se importar com essas visões pessimistas e prossegue governando ou melhor, anunciando, como se não tivessem decorrido já as eleições e como se o País vivesse em permanente período eleitoral.É pois tempo de o Governo governar! Se o TGV, o novo Aeroporto, a nova ponte no Tejo, o Terminal de Alcântara, as novas Auto-estradas (paralelas a algumas existentes) são as obras do regime, as tais que distribuirão rendimento e vão alavancar a nossa economia e trarão desenvolvimento, então façam-se de uma vez por todas! Este Governo já nos governa há quase 5 anos e por isso é tempo de se ver alguma coisa, alguma dessas grandes obras no terreno e as propaladas reformas da justiça à saúde, da educação ao ordenamento. Concorde-se ou não com elas, o povo é soberano e já disse nas eleições que pretende pagar a factura dessas obras, nem que tenha de ser a 3.ª geração a suportar o seu custo efectivo. Façam-se pois as obras e dê-se início às reformas tantas vezes anunciadas quanto adiadas.
2010 será um ano em que a pobreza estará em cima da mesa a nível europeu. Portugal não consegue ultrapassar este problema. Com governos de matriz socialista agudizou-se o fosso entre ricos e pobres e hoje cerca de um quarto da população é efectivamente pobre e arredada do bem-estar social. Já que o Governo é socialista, precisavam-se medidas efectivamente socialistas. Pôr todos os contribuintes a pagar os erros da Banca e da gestão financeira especulativa não nos parece serem políticas socialistas. Distribuir uns milhões aos não inseridos profissionalmente é pouco, comparativamente com os milhares de milhões de ajuda à Banca.
2010 será pois um ano exigente. Muitas coisas estão mal há demasiado tempo e exige-se agora maior acuidade à governação.
Esta taxa de desemprego, este défice e este nível de endividamento exterior estão todos demasiado altos. Todos a ferver. 2010 será pois um ano quente. Não é, pois, tempo de prometer a revolução tecnológica ou outros avanços que não compreendemos.Não os compreendemos sobretudo se estivermos desempregados, sem dinheiro para mandar estudar os filhos ou para pagar a hipoteca das casas ou o seguro e inspecção do carro, ou quando, mesmo se tivermos trabalho, formos igualmente pobres, pois o dinheiro não dá para o dentista ou outra consulta de especialidade médica, ou sequer para manter a casa confortável em tempos de frio. Que raio de desenvolvimento é este que não se sente, que não se goza, que não nos aumenta a auto-estima e que nos nega um futuro sem angústias nem depressões?!