Continua a saga dos juros altos da dívida soberana. Recentemente alguém escrevia num semanário, que de soberano só já tínhamos mesmo a dívida. E, de facto, assim parece ser, quando a Europa se prepara para fazer aprovar regras mais apertadas para o défices públicos e para a dívida pública. Muitas das regras de Finanças Públicas vão paulatinamente sendo definidas a um nível supra nacional, a bem da estabilidade do Euro.
O Ministro das Finanças português tinha fixado os limites máximos aceitáveis para os juros da dívida nos 7% (quanto a nós insustentáveis), e desde então os juros não baixaram daquele valor, como que teimosa e caprichosamente, e não pelo normal funcionamento dos mercados.
Obviamente que a situação não pode manter-se por muito mais tempo e como os mercados não dão sinais de confiança na nossa economia recessiva (como bem fez notar o Governador do Banco de Portugal), outro caminho não resta ao “orgulhosamente só” Primeiro-Ministro do que pedir ajuda à UE através do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, acto que não deve tardar, tantas são as dificuldades da emissão de dívida. Pelo menos, a partir dessa ajuda, não obstante marque um falhanço da política económica do Governo, ficaremos a suportar uma taxa de juro mais aceitável, ainda que elevada (próxima dos 5%).
A propaganda sobre a eficiência da colocação da dívida nos mercados é de tal modo, que nos dizem que a procura superou a oferta; ora, quando a procura pelos credores superasse efectivamente a oferta lusa, os juros só poderiam cair, e não é isso o que acontece!
Tem havido procura, mas a juros insustentáveis a médio prazo, e quem tem assegurado a colocação da dívida é, sobretudo, o Banco Central Europeu, quando outros potenciais credores já não acreditam na nossa capacidade de cumprimento, e desistem de ganhar juros altíssimos!
Infelizmente para todos, é tempo de sermos “RESGATADOS”, seja pelo FMI ou pela Europa…