O aumento das taxas de juro para controlo da inflação vai fazendo as suas vítimas num país demasiado exposto ao crédito.

O crédito malparado, ou em situação de incumprimento, cresceu 30% em relação ao 1.º semestre do ano passado, pelo que o aumento das taxas de juro para controlo da inflação, vai fazendo as suas vítimas num país demasiado exposto ao crédito. Más notícias, pois, para os bancos cotados em Bolsa: é o subprime à portuguesa…
Alguém me perguntava nestes dias, o que deveria racionalmente fazer com o cheque da devolução do IRS arrecadado a mais pelas Finanças. Tratava-se de perto de 5.000 euros e a pessoa não desejava consumi-los, antes aplicá-los com racionalidade. O conselho pode parecer mais simples de dar do que na verdade é, e não está nada previsível a nossa economia.
Aliás, quem sabe da nossa economia é Hugo Chavez, Presidente da Venezuela, que diz estar «estancada», conforme lhe transmitiu o nosso Primeiro-Ministro. E não teve problemas em afirmá-lo em público quando comparava o crescimento da economia do seu país com o nosso, que afinal não cresce.
Então, o que faria eu com os 5.000 euros nesta nossa economia “estancada”? Obviamente que cada um dos leitores tomaria uma opção distinta, e as opções de hoje não são as de amanhã, são as que tomamos neste quadro actual de condicionantes. Por conseguinte, eu investiria 30% no reforço ou nova subscrição de PPR (rende quase nada, mas ainda tem considerável benefício fiscal e acautela dificuldades de amanhã…); outros 30% seriam destinados a comprar umas acções em baixa de uma destas empresas que toda a gente acha que tem de subir no médio prazo (SONAE Industria ou Portucel, por exemplo); e 40% seriam destinados a amortizar antecipadamente o crédito à habitação (agora sem penalizações pela amortização antecipada), contrariando assim o aumento da prestação mensal decorrente da subida das taxas de juro.
Ou seja, de uma penada, poupando, acautelava o futuro: investia na Bolsa em baixa com boas probabilidades de crescimento a médio prazo, e diminuía o esforço mensal com a prestação da hipoteca da casa, atenuando os efeitos do “estancamento”.