Somos confrontados, no momento em que se debate o Estado da Nação, com as fragilidades desta. Um Estado como o nosso teria, em minha opinião, muito a ganhar se a aposta na coesão territorial fosse maior. Quero dizer, se olhássemos para o País como um todo, uma unidade que tem de avançar e desenvolver-se em simultâneo, talvez os resultados finais deste diagnóstico sobre a situação do país fosse diferente, para melhor, claro.Quando se desiste de uma grande parcela do território – e parece que é o que está a acontecer com os encerramentos e centralização em curso e com a ausência de investimento público no interior – estamos também a desaproveitar os recursos que esse território despovoado contém, logo, ficamos todos mais pobres quando desperdiçamos essa valia ambiental, energética, alimentar e agrícola, turística, etc.
Por vezes, só o anúncio de fecho ou encerramento (ainda que se venha a recuar depois) prejudica mais do que uma bomba lançada sobre o território. Quem ousa investir, fixar-se e viver num território ameaçado constantemente com reorganizações territoriais ao nível educativo, da segurança, do ordenamento, da saúde, da justiça ou da agricultura.No momento seguinte, quando já somos poucos para reclamar e protestar, fica mais fácil a incompreensível “deserção” do Estado de franjas tão largas o território nacional, e logo se encontram ecos e razões para novos encerramentos e reordenamentos das redes.
São, contudo, duvidosos os resultados desses reordenamentos, como tive oportunidade de referir recentemente a dois membros do Governo, pois com estas medidas “cegas” o défice público aumentou, quando se pretendia poupar, o empobrecimento do país avançou muito, quando se pretendia convergir com os mais desenvolvidos… Certamente porque se desperdiçaram recursos, bens e pessoas que se desenvolviam e ajudavam ao crescimento do produto nacional nesses território ora abandonados…