A imagem de Portugal lá fora está a perder os méritos de confiança, sendo que aumentou o risco do Estado e das empresas para obterem crédito no estrangeiro. Com a nova notação financeira pedir dinheiro emprestado vai ser mais caro para empresas e também para o próprio Estado. A situação resulta do elevado nível de endividamento que já manifesta o nosso país. O valor da dívida aproximar-se-á dos 150 mil milhões de euros, ou 64% do PIB (o PEC não permite que se ultrapassem os 65%), pelo que uma subida dos encargos com juros, ainda que percentualmente pequena, significará sempre muitos milhões de euros.
E, perante novas necessidades de crédito para grandes obras públicas (TGV e Aeroporto), vamos ter taxas de juro agravadas pelo spread. É esse o resultado prático da presente notação pelas agências internacionais de “rating”.
Obviamente que esta queda na notação internacional surge associada à conjuntura de crise e até poderia ser excepcional. Contudo, não será inocente o elevado endividamento do país, das empresas e das famílias portuguesas. Quem tem mais dificuldade na amortização de créditos obtém taxas de juro mais gravosas, entrando-se num ciclo de «quanto pior estamos, maior o esforço.» É assim com as famílias, com as empresas e com o Estado.
Porventura, seria um bom momento para repensar as novas pontes no Tejo, as ampliações da rede de metropolitano em Lisboa, Porto e Coimbra, a construção de auto-estradas paralelas a outras já existentes (e ainda não pagas), o novo Aeroporto de Alcochete e o TGV, concentrando esforços na requalificação dos portugueses, nos cuidados de saúde, nas barragens e eficiência energética, nos ordenamento e coesão nacionais e na viabilização económica das PME (Pequenas e Médias Empresas) de reconhecida importância no desenvolvimento do nosso país.
De outro modo, avançaremos nessas grandes obras, que as gerações futuras hão-de pagar com algumas dificuldades e, porventura, os resultados que delas tirarão jamais pagarão os esforços no pagamento das respectivas facturas.
Ora, é bem sabido que só deveremos recorrer ao crédito – relegando o pagamento da factura para as gerações vindouras – para investimentos reprodutíveis, que venham a gerar eles próprios ou por efeito indirecto, rendimentos iguais ou superiores aos custos desses investimentos. De outro modo, estaremos a hipotecar o país em vão e a encarecer o crédito de que as nossas empresas necessitam para se desenvolverem, criarem emprego e ganharem dimensão.
Entretanto, na Bolsa, vários analistas apontam os títulos SONAE como um dos melhores investimentos em Janeiro, atentos ao potencial de subida de acções que em 2008 desvalorizaram 75%. Também os títulos EDP e GALP serão títulos onde as aplicações terão razoável segurança, neste período que antecede o anúncio dos resultados das cotadas em 2008.