já dá para ver que houve bastante menos criação, mas também fecho, de empresas no país e nas regiões.

É ainda cedo para se estimar a dimensão dos estragos que a Covid’19 já fez na economia e empresas nacionais. Contudo, começam a sair dados que já nos começam a dar uma ideia. É o caso, por ex., de uma publicação da consultora Informa, saída há poucos dias, dedicada à dinâmica empresarial nacional e distrital. Já dá para ver que houve bastante menos criação, mas também fecho, de empresas no país e nas regiões. E que o fosso litoral-interior tende a agravar-se com a crise. Isto no primeiro mês da era Covid’19 em Portugal.


Situação a nível nacional: No mês de março ou 1º mês da pandemia (coronavius’19 ou Covid’19), nasceram em Portugal 2278 empresas, encerraram 552, entraram em insolvência 172 e 3206 em ações judiciais. Em março de 2019 foram, pela mesma ordem, 4427, 1198, 187 e 3407. Estes valores provam que que houve reduções significativas nos 4 itens considerados: -48.5%, -53.9%, -8% e -5.9%, respetivamente. O que espelha parte do efeito da pandemia na demografia empresarial do país. Se tivermos em atenção o 1º trimestre do ano corrente, 1/1/20 a 31/3/20, e mantendo a mesma ordem, foram 11803, 3127, 573 e 9305, nascimentos, fechos, insolvência e ações judiciais de empresas, resp., quando no 1º trimestre do ano passado eram 15938, 4167, 548, 8958, resp.. Ou seja, nem tudo é explicado pela pandemia pois há também variações negativas ocorridas no 1º trim2019: -25.9%, -25%, +4.6% e +3.9%, resp.. No espaço de um ano (1/4/2019 a 31/3/2020) foram -6.2% nascimentos, -13.6% encerramentos, 0% processos de insolvência e -1.4% ações judiciais.


Os valores de criação e extinção de empresas ao longo dos meses mostram uma certa constância de nascimentos ao longo dos 12 meses passados, e até de 2018/19 para 2019/20, e um aumento também semelhante nos nascimentos ocorridos em janeiro de ambos os anos. Mostram ainda que no mês de março deste ano a influência da pandemia foi evidente com a queda no nascimento de novas empresas ocorrido em março pp. O nº de encerramentos em 2018/19 e 2019/20 foi paralelo até a Covid’19 aparecer e estragar esse paralelismo das linhas evolutivas dos gráficos. De facto, em ambos os anos houve uma certa constância no nº de encerramentos ao longo dos diversos meses, houve um maior nº de encerramentos em dezembro e houve um abaixamento no início do ano exceto em março pp em que o nº de encerramentos ainda baixou mais do que é habitual acontecer neste mês, consequência já da Covid’19.


Situação nos distritos da Beira Interior: Em termos % o tecido empresarial da Beira Interior no todo nacional (514277 empresas) é relativamente baixo, como é sabido. De facto, em março do corrente ano, as empresas de Castelo Branco representam apenas 1.5% (15º distrito do ranking nacional) e as da Guarda 1.2% (17º lugar em 22). O nº de nascimentos de empresas em março, imediatamente após se instalar a pandemia, foi de 2278 no país (contra 4427 em 2019), das quais 20 na Guarda (contra 36 em mar2019) e 28 em Castelo Branco (vs 50 no ano transato). A variação do primeiro mês pós covid’19 foi negativa e de -48.5% no país, de -44.4% na Guarda (decréscimo menor do que no país) e de -52.5% em Castelo Branco, um decréscimo maior do que o ocorrido no país. Estas variações agravam as disparidades regionais do país, aumentam o fosso litoral-interior. Em termos de encerramentos de empresas foram 1108 em 2019 e 552 em 2020 no país, -53%, na Guarda foram 9 contra 4, logo -55.6%, e em C. Branco foram 10 contra 2, logo -80%, ambos os distritos com quedas maiores do que o país. Houve -8% insolvências no país, 0º na Guarda e +300% em C. Branco.


Situação no mês de março: Das 2278 empresas que nasceram no país no mês de março 20 apenas 28 e 20, nasceram nos distrito de C. Branco e Guarda. Em março 2019 criaram-se 4427 empresas no país, 50 em C. Branco e 36 na Guarda. As variações entre os 2 meses homólogos foram -48.5% no país, -52.5% na Beira Baixa (BB) – a maior redução – e -44.4% na Beira Alta (BA) – a menor. Por sua vez encerraram 552, 2 e 4 no país, BB e BA, resp., em març20. Em març19 foram, na mesma ordem, 1198, 10 e 0, resp. -55.9%, +80% (única subida) e -55.6%, resp.. Relativamente ao nº de empresas que entraram em insolvência nos 2 meses homólogos (março) temos 172, 4, 0, quando há um ano foram 187, 1 e 1, resp.. As variações ‘atribuíveis à Covid’19’ foram assim de -8%, +300% e … resp. no país, BB e BA. Os nascimentos de empresas em CB e GU representam 1.2% e 0%, resp, dos nascimentos do país, os encerramentos 0.4% e 0.7%, resp, e as insolvências 2.3% e 0%, resp.. Os nascimentos mensais são apenas 0.4% dos nascimentos do país, e 0% quer em CB quer na GU, os encerramentos mensais representam 0.1% das empresas do país e 0% nos 2 distritos, ao passo no caso das insolvências os valores obtidos arredondam para 0% nos 3 casos. É interessante apreciar a dinâmica empresarial neste 1º mês de pandemia: os valores mostram que por cada empresa que fechou se abriram 4.1 novas outras no país, 5.0 no distrito da Guarda e 14 no de C. Branco.


No 1º Trimestre 2020: Das 11803 empresas que nasceram no país no 1º trimestre de 2020 apenas 144 em C. Branco e 80 na Guarda. No 1º trimestre 2019 criaram-se 15938 no país, 100 em C. Branco e 123 na Guarda. As variações entre os 2 trimestres homólogos de 2019/20 foram assim de -25.9% no país, -24.2% na Beira Baixa/CB – a menor redução – e -27.6% na Beira Alta/GU – a maior das 3 reduções. Por sua vez encerraram 3127, 40 e 32, no país, BB e BA, resp. No 1º trim.2019 foram, na mesma ordem, 4167, 48 e 30, resp. As variações entre os 2 trim estres homólogos foram -25%, -16.7% e +6.7%, resp.. Relativamente ao nº de empresas que entraram em insolvência nos 2 trimestres homólogos temos 573, 16, 4, quando há um ano foram 548, 6 e 6, resp.. As variações % foram assim de +4.6%, +166.7% e -33.3%, resp. no país, CB e GU. Neste mesmo trimestre os nascimentos de empresas na BB/CB e BA/GU representaram 1.2% e 0.8% (resp) dos nascimentos do país, os encerramentos 1.3% e 1.0% (resp) e as insolvências 2.8% e 0.7% (resp.). Enquanto os nascimentos do 1º trim.20 são apenas 2.3% no país e 0% quer em CB quer na GU, os encerramentos são apenas 0.6% das empresas do país e 0% nos 2 distritos da BI, ao passo que no caso das insolvências os valores obtidos são 0.1% no país, e 0% nos 2 distritos. É interessante apreciar a dinâmica empresarial neste 1º trim.20, de início da pandemia: Os valores mostram que por cada empresa que fechou se abriram 3.8 novas outras no país, 3.6 no distrito de Castelo Branco e 2.8 no da Guarda, logo mais no país e menos no interior, i.é, os distritos do interior com menor dinamismo empresarial do que o país, -0.2% e -1% em CB e Guarda, resp., do que a média nacional.


Das 45.366 empresas que nasceram no país nos 12 meses 1/4/2019 e 31/3/2020 apenas 425, nasceram no distrito de C. Branco e 327 no da Guarda. No ano que terminou a 31 de março de 2019 criaram-se 48371 no país, 407 em C. Branco e 356 na Guarda. Todos os itens tiveram variações negativas em parte atribuíveis à Covid’19: -6.2% no país, -2.4% na BB/CB – a menor redução – e -8.1% na BA/GU – a maior das 3 reduções. Por sua vez nesse mesmo ano encerraram 16781, 185 e 130, no país, BB e BA, resp.. No ano anterior e no período homólogo que terminou em 2019 foram, na mesma ordem, 19416, 240 e 167, resp.. As variações entre os 2 períodos homólogos foram -13.6%, -22% e -16.8%, resp.. Relativamente ao nº de empresas que entraram em insolvência nos dois anos homólogos temos 2227, 41 e 10, quando há um ano foram 2227, 40 e 32, resp.. As variações foram: 0%, +2.5% e –40.6%, resp., no país, em CB e na GU. Das empresas nascidas neste ano no país (45366 ou 100%) 1.1% e 0.7% foram-no, resp., na BB e BA/GU, os encerramentos de empresas 1.1% e 0.8%, resp., e as insolvências 1.8% e 0.9% (resp.). Enquanto os nascimentos deste ano representaram 8.8% das empresas do país, apenas 0.1% ocorreu quer em CB quer na GU. Por sua vez, os encerramentos anuais representaram, apenas 3.3% das empresas do país e 0% nos dois distritos, ao passo no caso das insolvências os valores obtidos arredondam para 0.4% no caso do país, e 0% nos 2 distritos. Em termos de dinâmica empresarial neste ano abr2019-mar2020, os valores mostram que por cada empresa que fechou se abriram 2.7 novas outras no país, 2.4 no distrito da Guarda e 2.6 no de C. Branco, também estes valores mostram piores desempenhos no interior.

Em suma, no fim do 1º mês de atividade da pandemia do coronavirus’19 em Portugal e suas regiões são já bem visíveis os seus estragos não só nas mais de um milhar de mortes de pessoas, mas também na morte de muitas empresas. No país e nos distritos da Guarda e C.Branco. No agravamento do fosso litoral-interior, i.é, no aumento das indesejadas disparidades regionais.