Por cá, o PSD ganhou as eleições, aumentando o número de deputados ao Parlamento Europeu. Paulo Rangel foi um justo e humilde vencedor. Durão Barroso deve também ver renovado o seu mandato à frente da Comissão Europeia, cargo de maior prestígio e relevo internacional jamais ocupado por um português. Se ficar 10 anos no cargo, e considerando os 27 Estados-membros da UE, estatisticamente, só daqui a 2 ou 3 séculos voltaremos a ter um português em tão importantes funções…
O resultado eleitoral, para além da habitual elevada taxa de abstenção, deu um bom resultado aos partidos considerados mais à esquerda. Assim, o Bloco de Esquerda ultrapassou a CDU e transformou-se na 3.ª força mais votada. Tal resultado terá doravante muitas leituras.
Atrevo-me a deixar aqui a minha: um partido da esquerda mais à esquerda, moderno, combativo e com elevada massa crítica, que passa a 3.º lugar no panorama político português vai, mais tarde ou mais cedo, deixar de lado a demagogia fácil, para aqui e ali, dar nota de que pode vir a assumir responsabilidades governativas. E aí começará o declínio do BE. Pois, quando os portugueses se aperceberem de que, com a sua votação, estarão a escolher os seus governantes, nesse preciso momento, afastar-se-ão inevitavelmente do BE. Será – em minha modesta opinião – irrepetível o bom resultado agora alcançado. Só durará até Setembro ou Outubro… E, consequentemente, o PSD ganhará renovados apoios, sobretudo de empresários e industriais que de todo querem ver o BE ou a CDU próximos da governação, e que habituados às prebendas e influência que o PS lhes deferia, depressa correrão para um PSD optimista e agora ganhador, contra todas as sondagens.
O verão vai aquecer do ponto de vista da luta partidária, faltando este ano realizar mais dois actos eleitorais: Legislativas e Autárquicas (por esta ordem, as primeiras no fim de Setembro e as segundas a 11 de Outubro), enquanto a economia real vai ajustando em baixa…
Entretanto a Qimonda não resistiu e vai mesmo fechar. Se o Outono chegar sem que a economia conheça melhores dias, teremos de nos preparar para uma “Governação Negociada” saída de eleições sem maioria absoluta, com partilha de poder, com maiores compromissos e, eventualmente, com o Presidente da República chamado a desempenhos mais determinantes. É só um palpite.