Mesmo antes da crise, a tal que vem de fora, já eram notórios os sinais de empobrecimento de grandes franjas da população.

Dois milhões de trabalhadores precários, dois milhões de pobres e quinhentos mil desempregados, não são um cenário humano de que se possa orgulhar um país, sobretudo quando o universo estatístico não vai muito para além dos 10 milhões de cidadãos.

Entramos, pois, neste terceiro milénio com poucas razões para sorrir. As políticas da última década até foram maioritariamente conduzidas por governos de matriz socialista, mas tal não foi impeditivo do agudizar do fosso entre ricos e pobres, e com uma agravante: cresceu substancialmente o número de pobres. E isto num país da Europa Ocidental.

Não obstante a matriz social dominante e as políticas ditas de esquerda, o certo é que não se operou a redistribuição da riqueza que a Lei Fundamental preconiza. Mesmo antes da crise, a tal que vem de fora, já eram notórios os sinais de empobrecimento de grandes franjas da população. Era visível a divergência com a Europa ao nível do rendimento médio dos cidadãos, tal como se vinha evidenciando uma crescente procura do RSI (antigo rendimento mínimo) e preocupantes taxas de abandono escolar, de incumprimento contratual, aumento do número de falências e elevado endividamento ao estrangeiro.

Com a crise (a tal que veio de fora) pioraram, sobretudo, as exportações, uma vez que o endividamento e o investimento estrangeiro já denotavam acentuado crescimento e queda, respectivamente. O pior que nos podia acontecer ao mesmo tempo, aconteceu mesmo!

Por isso agora, em minha opinião, só há uma ou duas coisas que podemos fazer para voltarmos a convergir com a Europa: aumentar a produtividade e aumentar a produtividade.

Como é que isso se consegue? Fazendo as opções correctas na despesa pública – sobretudo as que não canalizem todas as disponibilidades financeiras para uma ou duas obras – simplificando procedimentos, apoiando a inovação e a internacionalização das empresas, valorizando a autoridade e a segurança, julgando com celeridade, descentralizando financeiramente e, acima de tudo, vivendo e educando para a excelência! Só assim voltaremos a convergir com os melhores e evitaremos este empobrecimento colectivo.