Esses milhões remetidos para o exterior, faziam por cá muita falta, seja para aumentar a liquidez dos bancos ou o investimento privado.

Só este ano, os portugueses meteram em paraísos fiscais mais de 6.000. 000.000,00 de euros. É muito dinheiro, são muitas centenas de Euromilhões, é dinheiro ganho ou realizado cá e exportado por motivos que vão da fiscalidade excessiva à desconfiança nas nossas Instituições bancárias e outras, revelando, inclusivamente, que não se confia muito na governação do país e muito menos no levantamento do sigilo bancário.Em ano de crise, sobem e muito os montantes enviados para “offshores”. São cerca de mil milhões de euros por mês, ou 33 milhões de euros por dia a sair do país, muito mais que no ano passado. Esperamos que esse dinheiro tenha decorrido de lucros e investimentos normais, daqueles que pagam impostos e contribuições e não provenha de actividades menos claras e em concorrência desleal e que vá limpinho para o paraíso fiscal.

Se alguns portugueses podem ter contas bancárias em offshore e adquirir faustosas casas e participações em empresas a partir do exterior, é natural que muitos pretendam seguir esses exemplos, não estando assim sujeitos a outros escrutínios e atenções, podendo ser ricos à vontade, e anonimamente ricos, o que ainda é melhor.

Seja como for, é um facto que esses milhões remetidos para o exterior, faziam por cá muita falta, seja para aumentar a liquidez dos bancos ou o investimento privado. É dinheiro que por cá devia ser acarinhado e não anunciada a sua perseguição por meros compromissos ideológicos em ano de eleições, em que o eleitorado de base de apoio do Governo tem de estar satisfeito com anúncio de novas tributações das fortunas.

Seja como for, existindo livre circulação de capitais (e estes 6 mil milhões são os oficialmente declarados, podendo os valores ser muito mais elevados na realidade, atentos os negócios que ocorrem fora do mercado formal), devíamos criar condições para que este dinheiro cá pudesse ficar. Há muito que defendo tributações mínimas e base alargada de tributação, para tornar o país mais competitivo na aplicação de capitais. Anunciar novas tributações de altos rendimentos dá irremediavelmente na fuga dos capitais. Ficamos todos mais pobres. Alguém tem dúvidas?