Na poeira dos sonhos esboço o desenho que me desvincula do beijo e do abraço
Medito em afectos, devaneios, desejos e contradições
Reúno recordações do que não vivi
Caminho sem caminho.
No cenário labiríntico venero as palavras da gramática da afeição
Na escuridão declamo poemas, conto histórias e atiço memórias
Rimas tácitas confiadas à esperança
Sobrevoo sem asas a imaginação.
O pensamento desata-me as mãos e desafia-me a fazer gestos desarticulados
Numa dúbia dilação não te dou o meu regaço
Frases vagarosas e desordenadas que não irrompem
Lágrimas que caem, sofrimento que teima em persistir.
Sem me aperceber reprimo os desejos
Incertezas tão presentes e profundas que só incrementam o meu cansaço
São inúmeras as interrogações
Coração apertado e desalinhado.
Almas desassossegadas que almejam viver e reconstruir
Gritam ao tempo recente
Acreditam na madrugada
O sol amanhã vai nascer.