Tradicionalmente, cabiam ao Município, entre outras atribuições, o abastecimento de água, o tratamento do saneamento, a recolha dos resíduos, a limpeza, as vias de comunicação, o urbanismo, o ordenamento do território e mais tarde, competências na educação, na cultura, na acção social, rede de equipamentos públicos, na segurança e protecção civil e por fim no desenvolvimento económico e captação de investimento.

Para melhor resolução dos problemas transversais, as autarquias associaram-se para beneficiarem dos ganhos económicos derivados de uma maior escala. Contratualizaram assim, com empresas de abrangência multimunicipal, os serviços de água, saneamento e resíduos, ficando muito pouco desse trabalho nos Municípios em si mesmos. Associaram-se para a valorização de recursos endógenos ou para a promoção dos territórios (veja-se o exemplo dos GAL- Raia Histórica, CIM das Beiras e Serra da Estrela, Associação das Aldeias Históricas, ou Associação Territórios do Côa, entre outros).

 

Com a crise económica e da construção, poucos são os novos processos para análise para licenciamento nas Câmaras Municipais, sobretudo as do Interior, e com a perda em contínuo de população, acabamos por ter pouca actividade e reduzida procura dos Serviços pelos munícipes.

 

Praticamente, grande parte das pessoas que se dirigem hoje às suas Câmaras Municipais, procura apenas oportunidade de trabalho para si mesmo e não um serviço que esta lhe possa prestar.

 

Temos a certeza de estarmos num ponto de obrigatória reorientação dos recursos humanos e também dos recursos financeiros para os novos desafios que hoje se colocam ao Poder Local, seja a promoção dos territórios e produtos endógenos, a captação de investimento e de pessoas, seja o fomento do empreendedorismo e o apoio das economias locais, e ainda o acolhimento de turistas e visitantes e diversificar uma oferta cultural, social e de saúde aos residentes. Será certamente um desígnio para os próximos tempos.

 

Esta é a caminhada já encetada por muitos Municípios do Interior, embora nem sempre com êxito, retorno imediato ou mesmo compreensão pelos destinatários das medidas e do bem-estar…

 

Mas, cada vez mais pensamos que, ou se faz assim, ou de outro modo, não haverá trabalho…, nem comunidades para gerir nos interiores mais fronteiriços, num futuro muito mais próximo do que alguma vez poderíamos imaginar!