Os livros, e as oficinas de leitura e de escrita promovem seguramente a inclusão e a literacia.

No dia 9 de Janeiro de 2023, a convite da Dra. Amália Fonseca, coordenadora do Centro Local de Aprendizagem da Universidade Aberta no Sabugal, estive presente na 31ª sessão do “Clube de Leitura do Sabugal” que decorreu na Biblioteca Municipal do Sabugal. Uma palavra de apreço à Câmara Municipal do Sabugal, pois é parceira no projecto de continuidade “Clube de Leitura do Sabugal”. “Lê-se Inclusão”, foi o nome que decidi dar a este encontro, no qual abordei a importância da inclusão e o reforço da mesma através da leitura e da escrita. Os livros, e as oficinas de leitura e de escrita promovem seguramente a inclusão e a literacia.


É fundamental que os políticos que governam os territórios tenham sensibilidade para abraçar este tipo de iniciativas e projectos, assim como para perceber a relevância dos mesmos junto das comunidades. No meu caso, que trabalho no Município da Guarda e desenvolvo vários projectos socioeducativos em diferentes instituições e escolas do Concelho da Guarda, é essencial presenciar essa sensibilidade não só por parte dos responsáveis políticos, como também por parte dos responsáveis das instituições e directores dos Agrupamentos de Escolas.


Tal como referi anteriormente, a 31ª sessão do “Clube de Leitura do Sabugal” realizou-se na Biblioteca Municipal do Sabugal. De realçar que as bibliotecas municipais e escolares apenas cumprem a sua função se tiverem vida e forem espaços magnéticos, dinâmicos e verdadeiramente abertos às comunidades. As bibliotecas jamais podem ser consideradas armazéns de livros, mas sim lugares mágicos que fomentam o conhecimento, a cultura e a inclusão. Pretendi que a sessão, “Lê-se Inclusão”, tivesse dinamismo e que todos os participantes se sentissem parte integrante da mesma. E assim aconteceu!


No encontro, e numa primeira fase, falei sobre a importância dos livros, das oficinas de escrita e da inclusão. Interpretei alguns poemas, ligados à temática da sessão, de autores consagrados, como António Gedeão, João Pedro Mésseder, Almada Negreiros e Manuel António Pina. Desafiei os participantes a ler os seis capítulos do livro “As Aventuras dos 8 Amigos”, livro editado em 2021 e que foi escrito e ilustrado pelos alunos com adaptações curriculares significativas que frequentam a oficina de escrita, na Escola Básica Carolina Beatriz Ângelo. A oficina de escrita é fruto de uma parceria entre o Município da Guarda e o Agrupamento de Escolas da Sé. Os participantes também escutaram o texto, da minha autoria, “Invisual, Independente e Cativante”, inserido no livro e audiolivro “Invisíveis Olhares 2022”. Este livro germinou de um projecto solidário promovido pela Rádio Voz de Alenquer, sendo que os lucros reverteram para a Associação Cabra Cega. O texto apresenta-nos a Rita, uma jovem invisual da Vila de Gonçalo, assim como o projecto “Livros e Leitura com Relevo” que desenvolvi com ela durante vários anos, na Guarda. Interpretei um poema inserido no livro “Vinte Cinco Lágrimas, Um Sorriso”. Este livro foi publicado em 2018 e o autor, Adelino Ribeiro, era, na altura, recluso no Estabelecimento Prisional da Guarda e frequentava a oficina de teatro e de escrita. Este projecto nasceu de uma parceria entre o Município da Guarda e o Estabelecimento Prisional da Guarda. Também li um texto que integra o livro “Palavras Escritas na Neblina”, um livro colectivo, editado em 2019, que é fruto da oficina de escrita que o Município da Guarda desenvolve na Casa de Saúde Bento Menni. Com apoio de um Kamishibai (teatro de papel), li o livro inclusivo “O Soldadinho de Chumbo”, do autor Hans Christian Andersen. Este livro conta-nos uma história emocionante que nos indica que as limitações físicas não nos impedem de alcançar os objectivos. Também salientei que todas as pessoas têm talento e capacidade para criar, que todos devemos ter mais do que uma oportunidade e que o hiato que existe entre estar deste lado ou estar institucionalizado, por exemplo numa casa de saúde mental, é muito ténue. É fundamental aceitar e respeitar as diferenças!
O encontro terminou com o convite, que muito me honrou, para que no início do próximo ano lectivo regresse ao “Clube de Leitura do Sabugal” e que elabore, a pedido dos participantes e juntamente com eles, um texto colectivo sobre o tema da inclusão.


Os participantes foram extraordinários, para além da simpatia com que me receberam, mostraram compromisso com a actividade “Lê-se Inclusão”. O “Clube de Leitura do Sabugal” promove o encanto que envolve a leitura, mas, e felizmente, vai muito mais longe, criando hábitos sociais e culturais que amputam o isolamento, reforçam o conhecimento e a literacia, aproximam as pessoas e favorecem o diálogo construtivo, o convívio, a pesquisa, a inclusão e a criatividade. As actividades são bastante diversificadas e, esse contexto, acaba por ser determinante para o sucesso do “Clube de Leitura do Sabugal”.