Um estudo recente do Instituto Nacional de Estatística (INE), confirma a desigualdade nacional no que a rendimentos respeita. É um estudo que afere o poder de compra concelhio através de um indicador per Capita (IpC) em 2017 e que permite comparações com anos anteriores e inter-regionais. Ele resulta de 16 variáveis, o que o torna um estudo muito credível, cruzando muitos dados que se correlacionam e resulta o poder de compra (desde levantamentos de dinheiro até ao pagamento de impostos).
Apesar de nas Áreas Metropolitanas viver 44% da população, em termos de poder de compra, este eleva-se para 52%. Ou seja, 35 municípios têm mais poder de compra do que os restantes 273. Há uma nítida assimetria nesta matéria. Pelo país, as capitais de Distrito, onde funcionam mais serviços de saúde, educação, segurança e onde estão o comércio, os serviços e as maiores representações empresariais, destacam-se positivamente dos restantes municípios que não têm essa “centralidade”.
Já não é de hoje a conclusão de que o poder de compra está correlacionado com a dimensão urbana dos municípios e concentrado nas maiores cidades. Só Lisboa, um pequeno território de 100 km2, detém 11% do poder de compra nacional.
Em tempos, alguns municípios do interior conseguiram ter grandes avanços (Figueira de Castelo Rodrigo em 2009, por exemplo, que partia de uma posição muito baixa, teve o maior crescimento nacional desses dois anos, 2007 a 2009), mas no geral, são os municípios do litoral e as sedes de distrito os que atingem maior poder de compra.
Tem pois de existir um mecanismo compensador desta realidade que aproxime da média nacional os 276 municípios que estão abaixo dessa média nacional.
Como operará esse mecanismo de transferência de poder de compra para as regiões com menos população? Dificilmente se vislumbram soluções fáceis, pelo que quando este estudo sair com referência a 2019, não será muito diferente nas suas conclusões.