A diferenciação é um factor que assume extrema importância para o produto, uma vez que aquilo que verdadeiramente interessa é que o produto se transforme num ícone dentro de um determinado vértice. Neste sentido, a comunicação e a relação com o produto vão muito para além da mera informação, pois devem ser “capazes” de fazer emergir uma prédica que imponha arquétipos de ideias, de ideais, de imagens e de procedimentos.
As “ofertas” tecnológicas proporcionam modernos recursos de design e de comunicação para a concepção das embalagens e dos rótulos. Os clientes, através das embalagens embebidas em inovadores e revolucionários símbolos visuais, conseguem atingir renovados vínculos emotivos, bem como uma distinta e especializada “inclusão” com a marca. Será que a embalagem não é um elemento essencial do produto, sendo também parte integrante do seu conteúdo?
As embalagens devem fazer sempre parte dos planos empresariais de comunicação, uma vez que são as mesmas que estruturam a ligação entre a organização e o consumidor. A embalagem deve provocar impacto, pois somente dessa forma consegue estacionar, pela diferenciação, emoção e tentação, no consciente e subconsciente dos clientes. Será que a função afectiva de um produto não deixou de ser característica exclusiva da marca, uma vez que também o é da embalagem?
Contemporaneamente parte do investimento das empresas concentra-se na concepção da embalagem como forma de comunicação. As edições específicas e comemorativas, e as embalagens de colecção assumem cada vez maior relevância e investimento. Através das embalagens temáticas e comemorativas funda-se uma concatenação entre o produto e a imagem adjacente ao consumidor, ou seja, a forma, a fragrância e o estilo de vida acabam por ser espelhados na “globalidade” da embalagem.
A gestão eficiente das marcas aclama por planeamento e estruturação, objectivando a promoção de cumplicidade entre a identidade arquitectada e arremessada, a cultura empresarial e a imagem compreendida pelos públicos. A realidade patenteia que as cores, os elementos, as ambiências, as feições e os formatos, quando entrelaçados harmoniosamente procriam significados, associações, corporações e sentidos que poderão ser reconhecidos pelos clientes, influenciando-os de uma forma espontânea, aberta e directa.
O rótulo, parte integrante da embalagem, também contribui significativamente para a comunicação visual e conceptual que o produto pretende instituir no pensamento dos clientes. O rótulo, tal como aconteceu com a embalagem, também conquistou status de produto. Será que as informações verbais e não-verbais que constituem os rótulos não são indicativas? Será que as mesmas não desvendam informações nutricionais, técnicas e conotativas?
A identidade visual do rótulo, que no fundo constitui a farpela da embalagem, engloba conhecimento, indagação, talento, tecnologia, aroma artístico e fragrância estética. O produto passa a encerrar valor simbólico e representativo, aguilhoando e misturando, desta maneira, a totalidade das intuições, dos “instintos” e das sensações humanas. O consumidor poderá e deverá saborear a embalagem e o rótulo do produto, ou seja, torná-los palpáveis, “farejá-los”, segredá-los e escutá-los.
Para a distinção dos produtos, os rótulos e as embalagens assumem o papel de protagonistas, uma vez que os mesmos estabelecem diferenças entre os produtos genuínos e os plagiados. Em diversas ocasiões aparecem palavras em inglês nos rótulos como forma de aumentar o efeito dos mesmos. Assim, procura-se incrementar a sua “pessoalidade” e consequência. A população portuguesa conviveu e continua a conviver exageradamente com a língua inglesa, e, lamentavelmente, ainda vai agasalhando a máxima de que os produtos importados são substancialmente mais completos e mais apetecíveis.
Com o emprego de uma colossal diversidade de linguagens na construção de consequências e sentimentos alicerçados na beleza, na funcionalidade, na ergonomia, na investigação, na criatividade e na compreensão do produto, vão organizando-se novas oportunidades na comunicação com o cliente que indubitavelmente aglutinam importância, valor e estimação ao produto.