A oposição, na superfície política, é uma espécie de incumbência que necessita de ser entendida, protegida e revigorada, pois a mesma é fulcral para a efectivação da democracia. Precisamos de autênticos e abrangentes debates sobre o futuro do nosso território em detrimento de telas de oportunismo, de falta de ética, e de propostas avulsas, epidérmicas e infundadas. A democracia precisa de diálogo, discussão e oposição. O debate de ideias assume-se como um contexto primordial para a definição dos melhores projectos e dos caminhos a perfilhar. Não há democracia sem oposição! Denunciar aquilo que está mal é um dever e um direito! O comportamento crítico construtivo acaba por robustecer e enaltecer a democracia!
A verdadeira oposição agasalha a função de fiscalizar, de apresentar os limites aos que nos governam, de criticar tudo aquilo que não está bem e de expor soluções que aumentem os índices de competitividade do território. Não podemos ter uma oposição que privilegie o silêncio. Não podemos ter uma oposição que somente pense em ser do “contra”. Será que o papel da oposição é unicamente o de dizer mal, criticar por criticar e injuriar de forma furiosa? Será que os actores políticos não devem abraçar a racionalidade? Será que falar mal de tudo e de todos é a estratégia correcta?
A comunidade, para além de não dispensar homens e mulheres diligentes, deve ser o centro de todo o labor político. Torna-se indispensável edificar condições, por parte do “poder instituído” e da oposição, que promovam o diálogo, a coadjuvação e a edificação de consensos.
Interrogar o executivo de uma Câmara Municipal, sempre que as deliberações coloquem verdadeiramente em causa o superior interesse das populações, é uma questão de dignidade e de identidade. Todavia, a oposição jamais deve usar argumentos embebidos em exagero, assim como desclassificar, permanentemente, as propostas daqueles que nos governam. Uma oposição que teime em perfilhar esse caminho, abdica imediatamente de exercer o poder executivo num futuro próximo. Será que os ultrapassados paradigmas de fazer política, alicerçados no bota-abaixo e na difamação, nos levam a algum lado?
A oposição não pode estar impregnada de homens e mulheres que unicamente dizem “sim” ou que, ininterruptamente, dizem “não”. É fundamental enaltecer as propriedades do debate, assim como a defesa vincada e intransigente dos interesses da população. As “oportunidades” do Poder Local são trajadas de enorme complexidade, reclamando, desse modo, análises rigorosas, reuniões preparatórias amiudadas, planeamento abrangente, contacto reiterado com a população e com as instituições, informação, conhecimento, poder de argumentação e sentimento de pertença pelo território. A oposição tem forçosamente de evidenciar o essencial, de forma a que os concelhos se desenvolvam. Será que num ambiente em constante altercação, não ficam ofuscadas as matérias realmente relevantes para o futuro do território?
As Assembleias Municipais não deviam estar sujeitas à autorização dos recursos por parte das Câmaras Municipais, devendo as mesmas ter recursos próprios. Sem recursos, a tão apregoada e importante fiscalização torna-se seguramente mais difícil de alcançar. A luta pela democracia será sempre a cidadania no seu auge! Será que a salvaguarda da democracia não deve constituir uma prioridade colectiva e constante? Será que quando os cidadãos se embrulham na vida pública, a democracia e o bem-estar das populações não ficam reforçados? Será que acarinhar e promover um conjunto de políticas, que fortaleça a confiança dos cidadãos nas instituições democráticas, não é uma condição capital? Será que pertencer, ou pretender pertencer, a “bandos”, não é uma condição desastrosa e indigna? Será que a irreverência não é uma configuração relevante no âmago político? Será que a oposição pode impulsionar, em algum momento, o pensamento único? Será que a independência do indivíduo “autêntico” não é deslumbrante? Será que a verdadeira oposição não sabe aquilo que significa o poder e a força de um grito? Será que uma fidedigna oposição, perfilha a política do bota-abaixo? Será que o mesmo sentido de voto, exercido pelos partidos da oposição, credibiliza a própria oposição? Será que acordar para desacordar é proveitoso? Onde estão as moções de crítica construtiva?