Recentemente o Ministro das Infraestruturas disse que havia comandantes na TAP (pilotos) que auferiam por ano 260 mil euros. Este dossier é daqueles que tendemos a gerir com o coração em vez de a razão se impor.
O senhor Presidente da República lembrou a importância da companhia para a diáspora, mas logo me ocorreram aquelas imagens de greves sucessivas no Natal e Páscoa, com os nossos emigrantes apinhados nos aeroportos sem informações ou atenções da companhia.
Não me choca que haja profissionais tão execionais e competentes a quem o mercado pague o justo valor. As empresas é que sabem como remuneram os seus quadros e em que condições operam estrategicamente para concorrerem no seu setor.
O que já me choca é que se a empresa der prejuízo sejamos nós a pagar as ineficiências e os erros gestionários. E choca-me, no plano das igualdades de oportunidades republicanas, que os que ganham 10 a 16 mil euros por ano, sejam chamados a pagar estes salários e prejuízos sistemáticos (mesmo quando o turismo regista os seus melhores anos).
Eles não são elevados em Portugal que é um país com as suas limitações económicas. Eles são elevados em todo o Mundo; e os contribuintes portugueses não aguentarão ser donos de tantas empresas e bancos com prémios de gestão e salários altíssimos e desempenho normal para não dizer medíocre e deficitário.
De outro modo, estaremos a canalizar recursos para perpetuarmos desigualdades de oportunidades, quando deveríamos estar a apoiar os quadros mais jovens de que tanto vamos precisar para pagar esta dívida pública que se agiganta e para mantermos o tão querido Estado Social.