Na cimeira da CPLP de 22 a 25 de Julho, marcada para Timor-Leste, será muito provavelmente ratificada a adesão já consensualizada em Maputo, deste novo membro da Comunidade dos Países e Língua Oficial Portuguesa.

Sem querer aqui questionar a adesão institucional, nem as razões que poderiam ter ditado outro desfecho, de entre as quais se destacam as questões no importante domínio dos direitos humanos e a aplicação da pena capital por aquele Estado (entretanto foi suspensa a pena de morte, para permitir a adesão à CPLP), pretendo apresentar o País como uma nova oportunidade que poderá ter as suas fragilidades, mas terá certamente muitas oportunidades, a começar para os vizinhos S. Tomenses.

 

Tendo a CPLP por missão, entre outros, o nobre objetivo da promoção e defesa da língua portuguesa, compreende-se que desde 2010 que a Guiné Equatorial, tenha adotado o Português como língua oficial, que assim se associou ao Espanhol e ao Francês, já vigentes. De resto trata-se de um País, no Golfo da Guiné, onde os portugueses chegaram primeiro, naqueles tempos em que demos “novos mundos ao mundo” e que, por isso mesmo, não será tão descabido o corolário deste processo de adesão.

 

É um Estado com 28 mil k2, e pouco mais de 700 mil habitantes, ainda assim muito maior do que S. Tomé, Cabo Verde ou Timor, e que tem um dos mais altos rendimentos per capita de África (deverá rondar os 16 mil euros por pessoa, o que compara bem com outros países africanos, aproximando-se dos valores de Portugal, embora ali o rendimento possa estar ainda muito desigualmente distribuído), tendo-se tornado independente de Espanha em 1968, e como o nome indica, situado ali bem próximo da linha do equador, na costa Oeste da África Central. Fica já no continente africano, mas tem Ilhas, Bioko, Ano Bom e Corisco (que foram portuguesas até ao século XVIII).

 

Trata-se de um Estado em desenvolvimento, marcado por uma pirâmide demográfica tradicional, com elevada taxa de natalidade, com o cristianismo por religião principal. A sua economia baseia-se na pesca e na agricultura, exportando madeira e minerais; contudo a sua maior riqueza advém da exploração de petróleo iniciada em finais do Séc XX, ainda que se possa questionar a democraticidade no acesso aos resultados financeiros deste ouro negro. Haverá, contudo razões para crer que será elevada a propensão ao consumo, quer de bens de primeira necessidade, quer de serviços educacionais e de saúde, já que a esperança média de vida fica aquém do que o rendimento per capita (quase de nível europeu) poderia tornar expectável.

 

Será pois, o 9.º Estado-membro da CPLP e esse facto abrirá oportunidades diversas, na área das exportações e dos negócios, mas, sobretudo, numa primeira fase, ao nível da educação e do ensino do português, naquele país e dos estudantes da Guiné Equatorial nos Países que ensinam e falam português. Ao nível da Cooperação, poucas serão as matérias em que não poderemos ter uma ação pró-ativa. A língua favorecerá os ambientes de negócios e certamente abrir-se-ão novas oportunidades. Atente-se por exemplo nos projetos de arquitetura da cidade a construir de novo, e que vai chamar-se Djibloho e será a nova capital da Guiné Equatorial, cujo conceito foi idealizado pelo ideias do futuro (idf), um atelier português de arquitetura e urbanismo.